No ano passado, as exportações de Goiás bateram o recorde de US$ 14,1 bilhões. Quase a metade foi para a China.
A escalada da tensão diplomática (e até mesmo militar) entre os Estados Unidos e a China pode beneficiar Goiás. Como? Com maior aumento das exportações goianas para o mercado asiático, principalmente de produtos agrícolas e carnes. No ano passado, as exportações de Goiás somaram US$ 14,1 bilhões. Trata-se de um recorde e de um crescimento de 51,5% em relação a 2021. Detalhe: quase a metade de tudo isto (46,2% para ser mais exato) foi exportada para a China. Aliás, as vendas de produtos goianos para o mercado chinês dobraram em 2022.
Segundo especialistas em comércio exterior, o Brasil deverá ter uma situação geopolítica global mais favorável ao estreitamento de relações comerciais com a China. Isto coincide também com a perspectiva de um ano de safra recorde de soja brasileira e goiana, principal produto da pauta de exportação para os chineses. Há expectativa também de grande colheita de milho, cujo mercado foi recém-aberto pelos chineses, sempre ávidos por matérias-primas. Os chineses já são os maiores importadores do produto brasileiro.
“A deteriorarão da relação EUA-China pode criar espaço para uma aproximação comercial entre os dois países (Brasil e China), em algum cenário probabilístico. Vimos o que aconteceu durante a guerra comercial, abriu espaço para o Brasil como origem de commodities, em especial a soja”, disse o coordenador de Inteligência de Mercado da consultoria e corretora StoneX, Vitor Andreoli, para a Infomoney.
Entre 2018 e 2019, Pequim adotou contramedidas a tarifas de Washington e taxou produtos dos EUA como soja e carnes, o que desviou boa parte da demanda para o Brasil, que também teve naqueles anos boas safras.
Na última semana deste mês, o presidente Lula levará à China empresários, parlamentares e outros ministros além de Fávaro, respondendo a convite do líder chinês Xi Jinping. O mercado espera que, pelo menos, essa missão comercial propicie a retomada das exportações de carne bovina, após uma suspensão em fevereiro, por um caso atípico de “mal da vaca louca”.
Entretanto, no longo prazo, existe uma crescente preocupação com esta dependência do Brasil em relação ao mercado da China. Porém, no momento, especialistas afirmam que isto pode render importantes frutos comerciais imediatos ao Brasil. Por exemplo, como novas habilitações de frigoríficos de carnes e a abertura do mercado ao farelo de soja brasileiro.