segunda-feira, 16 de setembro de 2024
Empreendedoras goianas montam seus próprios negócios e obtêm êxito em ramo antes dominado por homens.
De maneira gradativa, mulheres têm tomando espaços em lugares onde, majoritariamente, prevaleciam os homens. Um bom exemplo disso são as mais diversas empreendedoras do ramo automotivo. Superando o preconceito, elas conseguiram dar uma nova roupagem ao negócio e levar confiabilidade para mais mulheres usufruírem desses serviços.
É o caso da Ana Maíra Coelho, dona de uma oficina mecânica localizada no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia. Que tem o Selo Oficina Amiga da Mulher, conquistado após uma mudança radical promovida no local que, até então, estava sob a administração do marido da empresária. As mudanças vão desde o espaço físico até o tratamento dos mecânicos para com as clientes.
“Fizemos uma sala de espera climatizada, adaptada para mães que querem trazer crianças. O banheiro tem trocador. Tem material de higiene pessoal para a mulher. São alguns diferenciais que a gente fez para trazer o aconchego para a mulher um ambiente que é totalmente masculinizado”, destaca.
Apesar do sucesso, Ana Maria conta que o início não foi fácil, com clientes e funcionários duvidando do seu potencial para administrar o local. Atualmente, realiza cerca de 60 atendimentos por mês. Apesar do público masculino ainda ser grande entre os clientes, Ana destaca que muitas esposas se sentem confortáveis para levar o veículo e esperarem o conserto.
“Eu posso dizer que hoje a gente já tem de 35% a 40% de público feminino. Que hoje as esposas já sentem segurança em trazer o carro, ao invés de pedir só para o marido trazer na oficina. Então a gente vai mudando essa questão”, destaca.
Elisangela Colodino foi outra mulher que conquistou o seu espaço e viu o lucro do negócio aumentar cinco vezes mais. Ela comanda uma empresa que fabrica suspensão automotiva à base de borracha feita através de um sistema usinado.
A empresária está há sete anos no negócio e precisou reestruturá-lo após ser abandonada pelos sócios e ficar responsável, sozinha, por sanar prejuízo de mais de R$ 500 mil. Viu a virada de chave acontecer depois de trabalhar durante 17 anos em destinação de resíduos em uma fábrica de pneus. Foi o início do processo de empreendedorismo.
Elisangela explica que o diferencial das suspensões que fabrica é o fato dela ser feita de borracha de pneus que geralmente não andam em estradas, como os das empilhadeiras, e fazer o reprocessamento dessa matéria-prima. Tudo isso levou ela a sair de uma área de 800 metros para um parque industrial de 10 mil metros quadrados em Abadia de Goiás, na Grande Goiânia.
Conforme a empresária, a maior dificuldade de tudo foi conseguir a confiança dos seus clientes. “Eu tive que aprender cada vez mais de peça, porque é um mercado 100% masculino. Ninguém te dá moral se você não conhece e, mais ainda, se é uma mulher furando essa bolha. Então, eu passei a entender muito de mecânica, muito de aplicação de peças. Eu fui atrás, o que eu não sabia de linha de produção, eu fui aprender, estudar sobre linha de produção”, destaca.
Além da mudança de espaço, Elisângela conseguiu ver o faturamento aumentar cinco vezes mais após quitar o seu prejuízo. Atualmente, ela conta com 24 funcionários – entre contratados e terceirizados – e mais seis representantes que fazem a revenda para grandes distribuidores. As peças já estão presentes nas cinco regiões brasileiras.
“Mulheres entendem de mecânica, sim! E a gente tem que saber que, em qualquer mercado que você for dominar, você tem que entender. Eu fui a fundo, eu estudei para quebrar essa lei de preconceito e passei a ter o respeito dos meus clientes” , destaca.
Dados do Sebrae mostram que as mulheres já representam cerca de 34% dos donos de negócios no Brasil, com um aumento significativo nos últimos anos. Em Goiás, o número de mulheres empreendedoras no estado cresceu 20% nos últimos cinco anos. Em Goiânia, cerca de 40% dos micro e pequenos negócios são liderados por mulheres.
Pensando nisso, a maior feira de negócios e tecnologia do setor automotivo do Centro-Oeste, a Expo Peças 2024, busca promover um espaço inclusivo e cria o Espaço Mulher. Um ambiente dedicado às mulheres empreendedoras do setor automotivo.
Além disso, uma programação foi cuidadosamente elaborada para abordar temas de interesse e relevância para o público feminino. O evento acontece até sábado (7/9), no Centro de Convenções de Goiânia.
A diretora da Expo Peças, Aline Miranda, destaca a importância dessa iniciativa: “Queremos que as mulheres se sintam acolhidas e representadas no ambiente da Expo Peças. O Espaço Mulher foi pensado para ser um local de troca de experiências, onde as participantes podem discutir suas ideias e desafios, além de desfrutar de atividades que envolvem toda a família.”
