As entidades empresariais criticaram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em elevar os juros básicos do Banco Central. A Taxa Selic teve alta de 0,25 ponto porcentual na reunião desta quarta-feira (18/9), em decisão unânime, e subiu para 10,75% ao ano.
A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) classificou como inadmissível a elevação da Taxa Selic. Pois terá impacto negativo no acesso ao crédito e, por consequência, no desenvolvimento econômico. “A elevação garante a permanência de spreads bancários elevados. Isso prejudica consumidores e empresas, que enfrentam dificuldades crescentes para honrar compromissos financeiros e expandir suas atividades”, frisa a entidade.
A alta dos juros tem como justificativa uma tentativa de controlar a inflação. Mas o setor industrial goiano entende que uma abordagem mais eficaz seria o combate ao déficit fiscal. Mas sem a elevação da carga tributária.
“A continuidade da política de elevação de tributos, associada ao aumento dos custos financeiros, tem sufocado o crescimento das empresas. Que acabam repassando esses encargos ao consumidor final. Como resultado, o preço dos produtos aumenta, o que retrai as vendas e desacelera a economia”, frisa a entidade.
Para o presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, todo o setor produtivo sofrerá o impacto do aumento da taxa Selic. A tendência é postergar ou limitar os planos de investimentos previstos para os próximos anos. “No caso do cooperativismo goiano, isso pode afetar a meta de atingir o faturamento de R$ 50 bilhões até 2027”, frisou.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) também lamentou a elevação da taxa Selic. A entidade avalia que a decisão da autoridade monetária deve criar obstáculos novos ao investimento em infraestrutura, assim como reduzirá o volume de depósitos na caderneta de poupança.
“Isso prejudica o financiamento de imóveis pelo SBPE , bem como compromete a renda do trabalhador” dificultando a aquisição de imóveis, comenta Renato Correia, presidente da entidade, destacando que a construção é fator essencial na formação de capital fixo no país. “É preocupante. O desafio é desenvolver o Brasil sem as condições necessárias para o investimento acontecer”, disse o presidente da CBIC, Renato Vieira.
O presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás, Marcelo Baiocchi Carneiro, avalia que o aumento da Taxa Selic, apesar dos impactos negativos para a economia no curto prazo, busca conter a inflação.
Lembrou que o cenário atual de risco de alta inflacionária está diretamente relacionado ao déficit fiscal da União, que ultrapassa a marca de R$ 1 trilhão. “Esse desequilíbrio, causado pelo fato de que o governo está gastando mais do que arrecada, eleva as preocupações sobre a sustentabilidade fiscal do país e os desafios que isso impõe à recuperação econômica”, frisou.