A Queijaria WM, de Santa Rita do Araguaia, foi reconhecida pela produção artesanal do queijo cabacinha. Ela foi a primeira da cidade a ganhar o Selo Arte, que é concedido pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) às queijarias que se submetem ao processo de formalização perante ao órgão.
Além delas, outras 11 queijarias goianas já contam com o selo. Para isso, as empresas devem atender requisitos, como a sanidade animal, um processo produtivo correto e a originalidade e autenticidade da receita produzida.
O queijo cabacinha é um queijo legitimamente goiano, que é feito com leite cru e que é moldado de maneira manual. Isso acontece em um processo chamado de filagem, onde é utilizado água que chega à temperatura de 90º C.
Conquista
A produção é do casal potiguar Wilson Felipe dos Santos e Maria Miriam. Eles vieram do Rio Grande do Norte para Goiás há alguns anos e tiveram contato com a produção do queijo cabacinha. Eles se renderam ao processo produtivo do queijo cabacinha mesmo dominando a prática de produção do queijo coalho, que é tradicional no Nordeste do Brasil.
“Nós fomos aprimorando a receita conforme aprendemos diferentes formas de fazer o mesmo queijo. E sempre priorizamos a qualidade do nosso produto. Por isso, fomos atrás da Agrodefesa e do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) para nos ajudarem a conquistar primeiro o selo SIM, que é uma certificação do Serviço de Inspeção Municipal. E mais recentemente, o Selo Arte”, explica Wilson dos Santos.
Cuidado com o gado
O queijo cabacinha fabricado por Wilson chegou a uma receita original e, por isso, foi a primeira do Estado formalmente autorizada a produzir a iguaria. Atualmente, os produtores contam com 25 cabeças de gado das raças holandesa e girolando. Também fazem investimentos em melhoramento genético, como forma de aumentar a produção do leite.
O rebanho rende, em média, 130 litros de leite por dia, que vão para a produção do queijo. A rotina do casal é voltada para a produção do leite, que é seguida em duas etapas: as ordenhas da manhã, que acontecem por volta das 5h, e as ordenhas da tarde, que acontecem às 17h. “O único dia do ano que não produzimos queijo é na Sexta-Feira da Paixão”, alega Wilson.
A conquista do Selo Arte abriu portas para comercializar o queijo de cabacinha em todo o território nacional. A queijaria precisou ser construída em moldes preconizados pela legislação e a adoção da certificação do gado livre de brucelose e tuberculose, conquistada por exames que são acompanhados pela Agrodefesa e do Senar Goiás.
“Como trabalhamos com leite cru, é fundamental termos o controle total da qualidade do leite utilizado na produção, para garantirmos a saúde dos nossos consumidores, bem como a manutenção da sanidade do nosso rebanho”, esclarece Wilson.
Agrodefesa
Segundo a Agrodefesa, Goiás conta com cerca de 12 queijarias artesanais certificadas que estão dedicadas a produzir receitas originais, sendo nas cidades de Alexânia, Corumbá de Goiás, Ouro Verde, Abadiânia, além de Santa Rita do Araguaia. O gerente de inspeção da Agrodefesa, Paulo Viana, explica que a queijaria deve seguir um rigoroso trabalho de inspeção e de registro para conseguir o Selo Arte.
“Ela precisa ter registro do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), Estadual (SIE) ou Federal (SIF), além desses três estão à disposição da população goiana o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf/GO) e Sisbi-POA”, destaca.
Além disso, ela precisa ter uma receita única, própria ou com particularidades que o produtor tenha criado. O produtor deve ter um vínculo, uma história com a região ou a forma de produzir.
Como exemplo desse cenário, estão os cinco municípios de Goiás, mais cinco municípios no Mato Grosso, região que pode produzir o Queijo Cabacinha. A região tem uma identificação regional, característica própria daquela região, produtores e clima os tornam candidatos ao Selo Arte.