Lideranças empresariais goianas criticam a decisão do Banco Central de elevar os juros básicos para 11,25% ao ano.
O anúncio da alta em 0,5 ponto percentual na taxa de juros básicos do País deixou vários segmentos em alerta em Goiás. A Taxa Selic passou para 11,25% ao ano, algo até esperado pelo mercado financeiro. Contudo, lideranças empresariais goianas criticam a decisão do Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central.
Vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha destaca que a situação é preocupante. Especialmente porque, segundo ele, o governo estaria transferindo para o setor privado a responsabilidade de conter a inflação.
“Nós só vemos o governo procurando aumentar a tributação, aumentar a carga tributária, taxar incentivos fiscais. Mesmo com o cenário de uma reforma tributária que favorece muito o governo federal em detrimento aos estados, principalmente, estados com população pequena, estados emergentes como Goiás”, pontua.
André Rocha destaca que, em dois anos, o governo federal não cortou despesas. Frisou ainda que esse cenário de juros altos pode levar ao afastamento de investimentos no estado e no Brasil. Lembrou que, com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o novo governo americano pode adotar ações protecionistas, que devem ser seguidas por outros países.
“Uma vez que começa a tomar medidas de proteção, outros países acabam fazendo o mesmo. O Brasil, infelizmente, perde, com as taxas de juros altas, a oportunidade de fazer investimentos e melhorar a sua competitividade. Então, é muito preocupante. Porque hoje, com a insegurança jurídica, com essas mudanças tributárias recorrentes, e com juros tão elevadas, o empresário, seja ele industrial, comercial, seja quem for, acaba não fazendo investimentos”, pontua.
O presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto, destaca que a alta dos juros impacta o crescimento econômico. Especialmente porque há encarecimento dos investimentos e retração no consumo dos produtos. Ele afirma que, para os próximos anos, há previsão de cerca de R$ 2 bilhões em novos investimentos apenas no setor cooperativista goiano. Mas que podem ser repensados devido à alta dos juros.
“Haverá crescimento menor, principalmente na industrialização dos produtos primários. Bem como menor retorno ao cooperado em termos de sobras (lucros). Isso influencia também nas regiões onde as cooperativas estão sediadas, pois elas movimentam a economia local”, diz.
Marcelo Baiocchi, presidente da Fecomércio, destaca que a elevação dos juros é uma questão fiscal. Já que o Brasil tem gastado mais do que arrecada. Atualmente, o déficit é de R$ 1 trilhão. “Juros altos reduzem o poder de compra do consumidor e, portanto, as vendas. Isso vai diminuir a atividade econômica, provoca desestímulo para investimentos”, frisa.
Ele afirma que a maior parte dos empresários não investe com juros altos. “Porque não tem retorno. E pior disso tudo é que isso só proporciona ou privilegia a especulação. Só ganha dinheiro com essa taxa alta quem especula”, pontua.