Economistas ouvidos pelo EMPREENDER EM GOIÁS analisam os cenários da economia brasileira e de Goiás para este ano. Confira.
Um novo ano chegou e traz consigo dilemas que se arrastaram em 2024, principalmente, na economia. O ano de 2025 inicia com alertas importantes, que vão impactar diretamente no dia-a-dia do brasileiro. Economistas ouvidos pelo EMPREENDER EM GOIÁS preveem cenário preocupante crise para este ano e até mesmo em 2026, caso o governo federal não faça equilíbrio nas suas contas públicas.
O economista Aurélio Trancoso destaca que as taxas de juros no Brasil permanecem altas e sem nenhuma perspectiva de redução. O mercado projeta que, neste ano, a Selic chegue a 15%. Atualmente, ela está em 12,25%.
Esse patamar, segundo ele, afugenta o empresariado a fazer investimentos no Brasil e, consequentemente, pode resultar na perda de postos de trabalho. Além disso, pontua um cenário de fuga do consumidor devido à alta nos preços dos produtos.
“É importante lembrar ainda que estamos com uma taxa de juros na qual o Banco Central está errando há algum tempo. Isso impacta na inflação, que não é uma inflação de demanda. Com menos pessoas indo ao supermercado, por exemplo, o empresário vai criando estoque e, sem vender, pode demitir funcionários”, afirma.
O economista e professor da PUC Goiás, Jeferson de Castro Vieira, destaca ainda outra consequência da alta taxa de juros: elevar o custo das empresas brasileiras com capital (crédito) para suas atividades econômicas.
“Diria que esse é o principal problema do Brasil. Não dá para conviver com uma taxa básica de juros que pode chegar até 15% ao ano”, afirma Vieira. Ele prevê aumento de endividamento.
Trancoso também pontua que a falta de estabilização do dólar impacta diretamente na inflação, porque eleva os preços de muitos produtos. A expectativa é que ela atinja 4,99%, mais alta do que os 4,71% registrados no ano passado.
Para ele, a falta de corte de gastos por parte do governo federal explica muito isso. “Se não tiver controle sobre os gastos públicos será outro problema, porque só estamos aumentando a nossa dívida. O Brasil está chegando a R$ 9 trilhões de dívida. Isso corresponde a quase 86% e 88% do PIB”, frisa o economista.
Essa versão é corroborada por Erik Figueiredo, diretor-executivo do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB). Ele pontua que o desempenho fiscal está ruim, com uma carga tributária em torno de 33%.
Essa conta, segundo o economista, está sendo repassada ao cidadão por meio de aumento de impostos. As medidas tomadas, frisa, são pensadas apenas a curto prazo com o objetivo político para 2026.
Aurélio Trancoso frisa ainda que a reforma tributária será mais um entrave na vida dos empresários. Segundo ele, as novas regras são para países de Primeiro Mundo, o que não é o caso do Brasil e, isso, consequentemente, afetará Goiás.
“Eu acho que, na hora que entrar em prática, a indústria farmacêutica vai mudar para o mercado consumidor. Ou seja, não fica por aqui, porque não tem mais incentivos fiscais, não terá nada que diferencie o produto. A empregabilidade também vai embora para outros estados. Nós vamos ver, no futuro, uma concentração industrial no Sul, Sudeste e em um pedacinho do Nordeste”, diz.
PIB
Jeferson de Castro Vieira destaca que, apesar do cenário extremamente incerto, a expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer entre 2,5% e 3% neste ano. Goiás, na opinião dele, deve crescer acima da média nacional, como vem acontecendo nos últimos anos.
“O agro vai crescer um pouco mais do que em 2024, mas não na mesma velocidade. A indústria, na minha perspectiva, vai crescer entre 2,2% e 2,4%. A agricultura deve crescer entre 1,8% a 2% e serviços entre 2% e 2,5% em 2025”, prevê.
Aurélio Trancoso complementa que Goiás tem algumas prerrogativas positivas para contribuir com isso. Como os ramos de alimentação e bebidas. Mas que o cenário não deixa de ser preocupante.
Erik Figueiredo destaca que o Brasil passa por uma falsa sensação de números positivos na economia e que, se algo não for feito, a crise instalada pode trazer consequências difíceis de serem revertidas. Além disso, ele pontua que a expectativa econômica é ruim para este ano com o dólar ultrapassando a casa dos R$ 6.
Ele descarta que o governo Trump influencie a economia brasileira. Frisa que isso é única e exclusiva responsabilidade do governo federal.
Erik complementa que 2025 vem para discutir questões estruturais voltadas para a economia goiana no âmbito do governo. “Nós já aprovamos a lei de liberdade econômica e temos, agora, que aprofundá-la em direção às prefeituras. Nós temos uma série de ações de fortalecimento fiscal do Estado. Ao contrário do que acontece no governo federal, nós prezamos aqui por regras fiscais muito claras”, destaca.