Insisto em defender um olhar estratégico sobre todo o mercado externo goiano, antecipando outras situações de crise que possam surgir
Pensar e agir estrategicamente é uma prática obrigatória e constante na economia. Sem isso, a sobrevivência dos governos e das empresas torna-se insustentável. O mundo econômico é competitivo e excludente, não cabendo experiências mirabolantes.
Fatos recentes do comércio internacional, com essa imposição tarifária do governo Trump, comprovam e reforçam a necessidade da construção de estratégias com soluções, frente a cenários de crise. Ainda não estamos maduros, quanto à qualidade das estratégias construídas para tanto.
O agronegócio é relevante para Goiás, com a maior parte dessa produção, direcionada ao mercado externo. É inegável que nos últimos anos os governos têm feito um grande esforço, através de políticas públicas de natureza fiscal e de créditos, para ampliar e diversificar a nossa economia. Mesmo com todo esse esforço, este estado representa apenas 3% da economia brasileira, ocupando o 9º lugar no ranking nacional.
Temos um imenso caminho a percorrer para o efetivo e sustentável desenvolvimento. A nossa fragilidade foi duramente exposta, diante dessas tarifas de 50% nas exportações goianas para os Estados Unidos. Caímos na real, quanto ao nível de desenvolvimento da nossa economia, educação, tecnologia e de outros indicadores importantes. Assim, como na fábula de Hans Christian Andersen, “O Rei Está Nu” e temos pressa.
Dados recentes dos governos brasileiro e goiano colocam Goiás na 10ª posição do ranking dos estados brasileiros que mais exportaram. Liderados pela China, entre os 10 principais destinos dos produtos goianos, os Estados Unidos ocupam a 2ª colocação.
Quase 50% das nossas vendas externas vão para os chineses, onde a soja lidera esse processo. Já para os EUA, os grandes destaques são as carnes (61%), seguidos por ferro fundido, ferro e aço (11%). Entre janeiro e junho de 2025, Goiás vendeu mais de US$ 337 milhões para os EUA, o que demonstra a relevância dessas transações para a economia local.
O executivo goiano anunciou uma série de medidas possíveis para minimizar os efeitos do tarifaço do presidente Trump nas exportações goianas, com a criação de linhas de crédito em apoio aos segmentos afetados, além da utilização do Fundo de Equalização para o Empreendedor (Fundeq) e do Fundo de Estabilização Econômica do Estado de Goiás. Independentemente dos resultados alcançados, essas iniciativas do governo demonstram a sua preocupação e responsabilidade com a economia de Goiás.
Outras medidas podem ser tomadas, como a suspensão da taxa sobre o agronegócio, a redução de tributos de alguns produtos e o reforço ao diálogo com as empresas estadunidenses que compram de Goiás, demonstrando que o prejuízo vai acontecer em ambos os lados.
Insisto em defender um olhar estratégico sobre todo o mercado externo goiano, antecipando outras situações de crise que possam surgir. Imaginem se ele fosse da China. Certamente as consequências para nossa economia seriam muito graves e deletérias. Vale, portanto, essa breve reflexão!
Paulo Borges Campos Jr. é economista, com Doutorado pela UFG e membro da Tarumã Consultoria Econômica. paulobcampos@yahoo.com.br