domingo, 17 de agosto de 2025
Crédito para construção despenca mais de 62%

Crédito para construção despenca mais de 62%

Alta dos juros impacta construção civil em 2025: valor dos financiamentos imobiliários caiu 54,1%, para R$ 7,1 bilhões.

29 de julho de 2025

Renato Correia; “Dados reforçam a urgência de medidas que garantam um ambiente mais favorável à produção e ao investimento”

A alta da taxa básica de juros já provoca efeitos significativos no setor da construção civil brasileira. Apenas nos cinco primeiros meses de 2025, foram financiadas 24,1 mil unidades habitacionais com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Esse volume representa uma queda expressiva de 62,9% em comparação ao mesmo período de 2024. Segundo levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Em termos financeiros, o impacto também foi relevante. O valor total dos financiamentos imobiliários caiu 54,1%, passando de R$ 15,5 bilhões para R$ 7,1 bilhões. Esse recuo evidencia o efeito direto da alta da taxa Selic, mantida em 15%, o maior patamar em duas décadas.

De acordo com a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos, a combinação entre juros elevados e a redução na captação líquida da poupança, que perdeu R$ 38,4 bilhões apenas no primeiro semestre, tem encarecido o crédito tanto para os compradores quanto para os incorporadores.

“O custo do crédito está elevado tanto para o comprador quanto para o construtor. Os bancos, por sua vez, têm priorizado o financiamento à aquisição, em detrimento da produção”, disse.

“A construção civil segue gerando empregos, movimentando a economia e contribuindo para o crescimento do país. Mesmo diante de um ambiente de juros altos e crédito restrito, os dados reforçam a urgência de medidas que garantam um ambiente mais favorável à produção e ao investimento”, destacou o presidente da CBIC, Renato Correia.

Geração de empregos

Entre janeiro e maio de 2025, a construção civil criou 149,2 mil novas vagas formais. Embora o número seja inferior ao registrado em 2024, ele supera o desempenho do mesmo período de 2023.

Outro dado relevante é o nível de atividade da construção, medido pela Sondagem da Indústria da Construção da CNI em parceria com a CBIC, que alcançou 48,8 pontos em junho de 2025.

Esse é o melhor resultado desde novembro de 2024, indicando uma leve recuperação. Apesar disso, o índice ainda permanece abaixo da linha dos 50 pontos, que separa expansão de retração.

Adicionalmente, a utilização da capacidade operacional manteve-se elevada, com média de 67% no primeiro semestre. Já as vendas de cimento cresceram 3,5% em relação ao mesmo período de 2024, puxadas por pequenas reformas e obras residenciais.

Perspectivas

Apesar dos desafios, a CBIC mantém a projeção de crescimento da construção civil em 2,3% para 2025. Segundo a economista Ieda Vasconcelos, essa previsão carrega “um leve otimismo”, sustentado principalmente pela inércia dos lançamentos realizados nos últimos anos, que continuam gerando atividade econômica e empregos.

No entanto, o setor enfrenta incertezas quanto ao futuro. As expectativas para novos empreendimentos e serviços caíram para o segundo menor patamar do ano. Como alerta Ieda, “estamos vivenciando o reflexo do que foi lançado nos últimos dois anos. Se o atual ambiente de juros elevados persistir, há risco de desaceleração mais acentuada a partir de 2026”.

Saiba mais: Valorização de imóveis desacelera em Goiânia

O portal EMPREENDER EM GOIÁS tem como principal objetivo incentivar, apoiar e divulgar os empreendedores goianos com conteúdos, análises, pesquisas, serviços e oportunidades de negócios.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não será publicado.