terça-feira, 30 de setembro de 2025
Tarifa dos EUA faz Jalles reduzir produção de açúcar

Tarifa dos EUA faz Jalles reduzir produção de açúcar

Indústria goiana reduzirá em 35% a produção de açúcar orgânico em Goiás após tarifa de 50% dos EUA.

1 de agosto de 2025

Henrique Penna de Siqueira: “A empresa poderá ter perdas financeiras, impactar novos investimentos e geração de empregos”

Maior produtora de açúcar orgânico do mundo, a Jalles, com sede em Goianésia (GO), prevê uma redução de 35% na produção do seu açúcar especial. A medida é uma resposta direta à nova tarifa de 50% imposta pelo governo norte-americano, que entrará em vigor no próximo dia 6.

Com a mudança tarifária, as empresas brasileiras do setor – entre elas a Goiasa, localizada em Goiatuba (GO) – afirmam que não conseguirão competir em igualdade de condições com Colômbia, Argentina e Paraguai. Que continuarão com tarifas mais favoráveis.

Atualmente, o açúcar brasileiro paga uma alíquota de 10%. No entanto, com o chamado “tarifaço” do ex-presidente Donald Trump, o produto brasileiro ficará consideravelmente mais caro. Perdendo competitividade mesmo sendo reconhecido como o melhor do mundo em qualidade, segundo o diretor comercial da Jalles, Henrique Penna de Siqueira.

Perda de mercado

Além disso, a nova tarifa poderá tirar do Brasil o seu principal mercado consumidor de açúcar orgânico, os Estados Unidos, o que preocupa não apenas os empresários, mas também toda a cadeia econômica do setor em Goiás.

“O produto ficará com preço muito elevado com a nova tarifa, o que inviabiliza as vendas para o mercado americano”, afirma Henrique Penna. Ele admite que a Jalles poderá sofrer perdas financeiras significativas, o que pode impactar novos investimentos, além de comprometer a geração de empregos no estado.

Participação nas exportações

Em 2024, as exportações da Jalles para os EUA representaram 6% da receita total da empresa. Há mais de 22 anos, a empresa goiana exporta açúcar orgânico para o mercado norte-americano. Dos 303 mil toneladas/ano importadas pelos EUA, cerca de 140 mil vêm do Brasil. Destas, a Jalles e a Goiasa, ambas em Goiás, produzem 100 mil toneladas.

Ainda segundo Henrique Penna, os concorrentes da América do Sul ainda não têm capacidade para suprir a demanda dos Estados Unidos, o que pode provocar uma alta de preços no mercado americano, caso se mantenha o nível atual de consumo de açúcar orgânico.

No caso da Jalles, 50% da cana-de-açúcar orgânica já foi processada. A outra metade será parcialmente destinada à produção do açúcar especial, enquanto o restante será transformado em açúcar cristal convencional.

Falta de novos mercados

Outra preocupação apontada pelo empresário é a dificuldade de redirecionar o excesso de produção para outros mercados. “Os compradores europeus, asiáticos, australianos e de outros continentes já estão abastecidos”, explica.

Atualmente, os norte-americanos consomem 47% da produção mundial de açúcar orgânico, mas produzem apenas 7% do que consomem, o que reforça sua dependência de importações.

Tentativas de negociação

Diante desse cenário, a Jalles e seus compradores norte-americanos estão tentando negociar com o governo dos Estados Unidos a exclusão ou redução da nova tarifa para o açúcar orgânico brasileiro.

As ações têm recebido o apoio do governador Ronaldo Caiado, da Adial, da Fieg, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e de outras entidades representativas do setor.

“Tivemos reuniões com o governador e vamos continuar trabalhando juntos para tentar reverter a situação”, finaliza Henrique Penna.

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