De um brigadeiro com pequi a uma pamonha caramelizada, confeiteiros reinventam a tendência nacional com sabor goiano.
A receita do Morango do Amor invadiu as redes sociais e provocou uma explosão de demanda por morangos em todo o Brasil. Como consequência direta, o preço da fruta disparou. Com a oferta limitada diante da crescente procura, confeiteiros e empreendedores da gastronomia têm buscado alternativas criativas. Em Goiás, essas soluções vieram com um sabor local.
No estado, empreendedores criativos decidiram surfar na onda do Morango do Amor, mas com um toque regional. Assim surgiram iguarias como o Pequi do Amor e a Pamonha do Amor, que rapidamente ganharam visibilidade nas redes sociais.
Uma das protagonistas desse movimento é Michelle Ortiz, idealizadora do perfil Uai MiCherry no Instagram. Natural de Lagoa Santa de Goiás, Michelle atualmente mora em Leme (SP), onde empreende na área de confeitaria, com destaque para a tradicional bala baiana.
Formada em Direito, Michelle percebeu que seu verdadeiro talento estava na cozinha. Desde criança, já preparava doces, e hoje transforma essa habilidade em fonte de renda. Observando a viralização do Morango do Amor, decidiu criar uma versão goiana do doce, usando como base o pequi — fruto típico do Cerrado.
“Eu não vi ninguém fazendo. Fui atrás dos ingredientes. Não achei a fruta, mas achei a polpa. Não falei pra ninguém e fiz o brigadeiro de pequi pra fazer o Pequi do Amor — e, graças a Deus, deu certo”, relata Michelle.
A receita consiste em um brigadeiro de pequi feito com a polpa da fruta, leite condensado, creme de leite e castanhas, coberto por uma calda caramelizada. O resultado agradou o público e rendeu grande engajamento nas redes sociais.
Segundo Michelle, o principal objetivo era homenagear seu estado natal. “Aqui, eu sempre digo que sou de Goiás. Em reuniões com amigos e familiares, faço questão de preparar receitas típicas como chica doida, cural, galinhada, angu de milho, arroz com pequi e frango caipira”, diz.
Diante do sucesso do Pequi do Amor, a confeiteira agora estuda criar outras versões de doces goianos inspiradas na estética do Morango do Amor.
Outra criação que ganhou as redes foi a Pamonha do Amor, idealizada pelo influenciador Yan Glebb, de 29 anos. Conhecido por compartilhar receitas criativas no Instagram, Yan já havia feito o Morango do Amor e até a Uva do Amor. Mas, após a sugestão de um seguidor, decidiu adaptar a pamonha doce goiana para o formato do novo fenômeno culinário.
A receita consiste em pamonhas doces amanhecidas, cortadas em pedaços e envoltas por uma calda de açúcar com canela. O vídeo do preparo viralizou rapidamente: foram meio milhão de visualizações em apenas 24 horas. Atualmente, já ultrapassa 2,4 milhões de views e até gerou uma segunda versão — com pamonha envolta em brigadeiro de queijo.
De acordo com um levantamento feito pelo iFood, o número de pedidos de Morango do Amor disparou: saltou de 11 mil para 257 mil em menos de um mês — um aumento de 2.300% de junho para julho.
Essa alta procura levou ao aumento dos preços. Em Goiânia, por exemplo, o valor da caixa de morangos chegou a R$ 40. A inflação da fruta foi registrada em diversos estados, como São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro.
A febre começou com a loja goiana Santa Bala, especializada em doces caramelizados. Embora não tenha inventado o Morango do Amor, a loja já produzia a iguaria há mais de um ano e meio. A explosão de popularidade veio após vídeos com o influenciador Eliézer Lima viralizarem nas redes sociais.
Desde então, a receita virou tendência nacional, e diversos confeiteiros passaram a produzir e vender o doce, agradecendo à Santa Bala pela valorização do produto artesanal e pelo aumento significativo na renda de muitos profissionais da confeitaria.