Com nova tarifa dos EUA, o setor pecuário goiano deve intensificar a diversificação dos destinos para a carne bovina.
Diante da possibilidade de ser tarifado em até 50% pelos Estados Unidos, o setor pecuário de Goiás — assim como o brasileiro — deve intensificar a diversificação dos destinos para a carne bovina.
Além disso, o setor também pretende ampliar as vendas para parceiros comerciais já consolidados. A avaliação é do diretor-executivo do Fundo Emergencial para a Sanidade Animal de Goiás (Fundepec-GO), Uacir Bernardes.
Em 2024, Goiás registrou o abate de 4 milhões de cabeças de gado, um aumento de 13,4% em comparação com o ano anterior. Esse volume representa aproximadamente 1,16 milhão de toneladas de carne bovina produzidas.
Desse total, cerca de 30% é destinado ao mercado externo, sendo que 12,2% têm como destino os Estados Unidos. Atualmente, Goiás ocupa a terceira posição no ranking nacional de produção e exportação de carne bovina.
Embora a ameaça de uma nova tarifação preocupe o setor, Bernardes destaca que o cenário internacional ainda é positivo. “O mercado global de carnes segue aquecido, e o Brasil mantém uma vantagem competitiva importante por oferecer, atualmente, a carne bovina mais barata do mundo”, afirma o dirigente do Fundepec-GO.
Segundo Bernardes, a possível frustração da expectativa de crescimento nas vendas para os EUA — que importaram 100 mil toneladas de carne bovina brasileira apenas no primeiro trimestre deste ano — já mobiliza o setor.
“Havia uma previsão de exportar 400 mil toneladas para os americanos em 2024. Caso essa nova tarifa seja realmente implementada, o caminho será redirecionar parte da produção para outros mercados estratégicos”, explica.
Além dos EUA, outros países já se consolidam como compradores relevantes da carne goiana. De acordo com o dirigente, há oportunidades concretas de ampliação.
“A China, nosso maior parceiro comercial, recentemente impôs tarifas à carne australiana, o que pode abrir espaço adicional para o Brasil. Além disso, países como Arábia Saudita e México sinalizam interesse em expandir suas importações”, analisa.
Atualmente, as exportações brasileiras de carne bovina aos Estados Unidos já enfrentam uma tarifa de 26%. Com a nova medida, o percentual pode chegar a 76%, tornando inviável a continuidade das exportações para aquele mercado. No entanto, ainda há expectativa de negociação.
“Estamos atentos ao que pode acontecer até a próxima quarta-feira (6/8), prazo final para inclusão de produtos no regime de exceção tarifária. Acreditamos que ainda há margem para entendimento entre os governos”, reforça Bernardes.
Caso se confirme a inviabilidade das exportações para os Estados Unidos, uma das alternativas em análise é o redirecionamento parcial da produção para o mercado interno. Essa medida, contudo, pode gerar impactos no preço da arroba, pressionando os valores pagos ao produtor rural.
Mesmo assim, Bernardes pondera que é cedo para qualquer diagnóstico definitivo: “Precisamos aguardar os desdobramentos. O cenário está em constante evolução.”