A Justiça do Trabalho em Goiás deve encerrar 2025 com 83 mil ações trabalhistas, maior volume desde 2017. Saiba os principais motivos.
Goiás deve encerrar 2025 com aproximadamente 83 mil ações trabalhistas, segundo estimativa do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT-GO). De janeiro a julho deste ano, registrou-se 48.904 ações protocoladas, número que representa mais da metade do total registrado em 2024 (78.309 processos).
Se a projeção se confirmar, será o maior volume desde 2017. Neste ano foram registrados 87.396 processos trabalhistas, ainda sob forte impacto da reforma trabalhista realizada pelo Congresso.
De acordo com o juiz auxiliar da Vice-Presidência do TRT-GO e titular da 3ª Vara do Trabalho de Goiânia, Rodrigo Dias da Fonseca, a maior parte das ações envolve direitos básicos do contrato de trabalho.
Entre os pedidos mais frequentes estão: horas extras; verbas rescisórias; adicional de insalubridade; e indenização por danos morais.
Segundo ele, o descumprimento da legislação trabalhista ocorre, na maioria das vezes, por dificuldades econômicas das empresas ou má compreensão da lei. Além disso, há situações de abuso do direito de litigar e impactos de uma legislação considerada confusa e desatualizada.
O magistrado ressalta que o trâmite das ações na Justiça do Trabalho tende a ser mais simples que em outras áreas do Judiciário. Já que o trabalhador pode ingressar com a ação sem advogado. No entanto, ele recomenda o acompanhamento de um profissional especializado.
O processo começa no Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Cejusc), onde ocorre a tentativa de conciliação. Cerca de 40% dos casos têm solução nesta etapa. Caso não haja acordo, o processo segue para instrução, sentença e possíveis recursos ao TRT-GO e, em alguns casos, ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Para o advogado trabalhista Thiago Cruvinel, com mais de 30 anos de atuação na defesa de empresas, o aumento das ações trabalhistas reflete mudanças na dinâmica das relações de trabalho.
Segundo ele, muitas empresas ainda descumprem regras básicas, como o pagamento correto de horas extras, rescisões e prevenção ao assédio moral e sexual. Outro fator é a flexibilização sobre custas processuais e honorários advocatícios, o que facilita a entrada de novas ações.
Cruvinel também destaca que há casos em que empregados ingressam nas empresas já com a intenção de buscar futuramente uma rescisão para acessar benefícios como FGTS, seguro-desemprego ou até mesmo quitar dívidas pessoais.
O advogado alerta que problemas trabalhistas podem comprometer seriamente a saúde financeira de uma empresa, assim como questões fiscais.
Para evitar litígios, ele recomenda que os empregadores adotem: políticas de compliance e governança; pagamentos em dia de férias, rescisões e horas extras; monitoramento de gestores para evitar abusos; e assessoria jurídica e contábil preventiva.
“Uma assessoria trabalhista preventiva pode evitar prejuízos muito maiores no futuro”, finaliza Cruvinel.