quarta-feira, 3 de setembro de 2025
Açúcar brasileiro: competitividade em risco nos EUA

Açúcar brasileiro: competitividade em risco nos EUA

Goiás lidera a produção de açúcar orgânico no Brasil, mas tarifas dos EUA ameaçam competitividade. Setor busca soluções em missão empresarial.

3 de setembro de 2025

André Rocha, presidente da Fieg; Wilton Machado, CEO da Brasil Minérios; Henrique Penna de Siqueira, diretor Comercial e de Logística da Jalles; e Júlio Capobianco Filho, vice-presidente da Goiatuba Álcool Ltda (Goiasa) em Washington, D.C.

A manutenção da competitividade do açúcar orgânico brasileiro, um produto de alto valor agregado e cuja produção é liderada por Goiás, está no centro da agenda internacional do setor sucroenergético nos Estados Unidos. O tema é prioridade para André Rocha, presidente da Fieg e também do Sifaeg/Sifaçúcar, que participa de missão em Washington, organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Atualmente, Goiás concentra três das quatro usinas do Brasil que produzem açúcar orgânico certificado. Responsável por exportar entre 70% e 90% da produção nacional para os Estados Unidos. Esse mercado é o maior consumidor mundial desse tipo de açúcar, que exige certificações rígidas, manejo diferenciado e custos de produção mais elevados.

No entanto, as tarifas adicionais impostas recentemente pelo governo norte-americano têm encarecido o produto brasileiro. Além de reduzir sua margem de competitividade frente a países com acordos comerciais mais vantajosos.

Impacto das tarifas

Segundo André Rocha, a sobretaxa representa um risco para produtores e para a presença brasileira no mercado americano. “O açúcar orgânico tem custos de produção elevados, envolvendo certificações e manejo diferenciado. Qualquer aumento tarifário compromete a rentabilidade e ameaça o espaço do Brasil nesse mercado”, afirmou.

Além de reduzir a competitividade do Brasil, as tarifas podem gerar impactos diretos em empregos e investimentos. Não apenas em Goiás, mas em todo o país.

De acordo com Rocha, os reflexos negativos não atingem apenas os produtores brasileiros.

“Estamos em tratativas no Capitólio, com a Câmara de Comércio Americana e com o escritório Ballard Partners, buscando reduzir tarifas ou ampliar a lista de produtos isentos. O grande prejudicado é o consumidor norte-americano, que passa a pagar mais caro por itens que não são produzidos localmente”, destacou.

Missão em Washington

A comitiva empresarial conta com mais de 80 empresários brasileiros e cerca de 50 representantes de entidades e empresas norte-americanas. O grupo realiza reuniões com autoridades, parlamentares e lideranças do setor privado dos EUA, buscando alternativas para a redução de barreiras comerciais.

Entre os temas discutidos, estão a investigação da Seção 301, que aborda questões de propriedade intelectual, comércio eletrônico, desmatamento, corrupção e etanol. Além do açúcar, a pauta inclui também setores estratégicos como mineração – em especial a vermiculita produzida em Goiás, altamente dependente do mercado americano – e o setor de carnes.

A missão empresarial brasileira segue até quinta-feira (4/9), quando devem ser concluídas as primeiras rodadas de negociação. O setor aguarda com expectativa que as tratativas abram caminho para redução de tarifas e maior segurança jurídica, preservando assim a liderança do Brasil e de Goiás na produção de açúcar orgânico.

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