quarta-feira, 3 de setembro de 2025
Indústria brasileira amarga quatro meses de retração

Indústria brasileira amarga quatro meses de retração

A última vez que o parque industrial brasileiro somou quatro meses sem expansão aconteceu entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023.

3 de setembro de 2025

A produção da indústria no país recuou 0,2% na passagem de junho para julho, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (3/9) pelo IBGE. Com esse resultado, o setor chega a quatro meses seguidos sem crescimento. Principal motivo: juros altos.

De abril a julho, a indústria brasileira acumula perda de 1,5%, sendo quedas em abril (-0,7%) e maio (-0,6%) e estabilidade em junho (0%). A última vez que o parque industrial brasileiro somou quatro meses sem expansão aconteceu entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023.

Em relação a julho de 2024, a produção da indústria nacional mostra pequeno avanço de 0,2%. Nos últimos 12 meses, o setor apresenta expansão de 1,9%.

O resultado de julho deixa o setor 1,7% acima do patamar pré-pandemia de covid-19 (fevereiro de 2020). Mas 15,3% abaixo do nível recorde já alcançado, de maio de 2011. Em relação ao patamar final de 2024, o setor mantém estabilidade (0,3%).

Efeito do juro alto

De acordo com o gerente da pesquisa, André Macedo, o cenário predominante negativo desde abril é explicado pela política monetária restritiva. Ou seja: os juros altos, ferramenta do Banco Central (BC) para tentar conter a inflação.

“Em termos conjunturais, destacam-se os efeitos de uma política monetária mais restritiva – que encarece o crédito, eleva a inadimplência e afeta negativamente as decisões de consumo e investimentos. Esses fatores contribuíram para limitar o ritmo de crescimento da produção industrial no período, refletindo-se em resultados mais moderados frente aos meses anteriores”, analisou.

Atualmente, a taxa básica de juros, a Selic, está em 15% ao ano, o patamar mais alto desde julho de 2006.

Setores

Na passagem de junho para julho, o IBGE identificou queda em 13 das 25 atividades industriais. Os destaques negativos foram: metalurgia (- 2,3%); outros equipamentos de transporte (-5,3%); impressão e reprodução de gravações (-11,3%); bebidas (-2,2%); manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-3,7%); equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-2%); e produtos de borracha e de material plástico (-1%).

Entre as atividades com alta na produção, os principais impactos positivos vieram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (7,9%), alimentícios (1,1%), indústrias extrativas (0,8%) e produtos químicos (1,8%).

Tarifaço dos EUA

De acordo com André Macedo, o resultado de julho teve reflexos também do tarifaço americano, que só começou na primeira semana de agosto. Isso se explica pelo fato de que a ameaça de taxação das exportações brasileiras para os Estados Unidos mexeu com expectativas e decisões futuras de empresários, principalmente os que têm atividades voltadas para o mercado externo.

Macedo ressalta que a predominância negativa desde abril é fundamentada pela política de juros. “Dentro do resultado geral, [o tarifaço] não tem muita importância no momento”, disse.

Saiba mais: Tarifaço Trump: indústrias goianas vão aos EUA

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