Com 4 anos de mercado e faturamento anual próximo de R$ 4 bilhões, Wepink acumula milhares de reclamações de consumidores.
A rede Wepink – Savi Cosméticos Ltda se tornou nesta semana alvo de ações do Procon Goiás e do Ministério Público de Goiás (MPGO). A empresa, que comercializa cosméticos por meio das redes sociais, acumula mais de 90 mil reclamações somente em 2024 no site Reclame Aqui. Além de 340 denúncias formais no Procon Goiás entre 2024 e 2025.
A Wepink tem como sócios Virgínia Pimenta da Fonseca Serrão (influenciadora digital), Thiago Stabile e Chaopeng Tan. A empresa, que tem apenas 4 anos de mercado, anunciou recentemente que espera alcançar neste mês faturamento anual de R$ 1 bilhão.
Depois de nascer no e-commerce, a WePink tem apostado em um crescimento acelerado de sua presença em lojas físicas, que hoje representam 40% do faturamento. O plano de expansão prevê a abertura de mais de 2 mil pontos de venda pelo país, sempre em modelo de franquia.
O MPGO, por meio da 70ª Promotoria de Justiça, ajuizou Ação Civil Pública com pedido de tutela de urgência contra a empresa. De acordo com o promotor Élvio Vicente da Silva, durante transmissão ao vivo, os sócios teriam confessado publicamente que venderam produtos sem ter estoque suficiente.
“A gente tinha 200 mil faturamentos por mês. A gente saltou para 400 mil por mês”, afirmou um dos sócios, Thiago Stabile, durante live nas redes sociais. Segundo o promotor, na mesma transmissão, o sócio disse: “De fato, tivemos um problema de abastecimento, porque a gente cresceu muito rápido. Algumas vezes, sim [demora], porque algumas matérias primas acabam, porque a gente vende muito.”
A declaração revelaria, segundo o MPGO, que a empresa teria continuado vendendo mesmo sabendo que não teria condições de entregar os produtos no prazo prometido de 14 dias úteis. O que caracterizaria publicidade enganosa e má-fé contratual.
Além da falta de entrega de produtos, o Ministério Público também denuncia resistência da empresa de promover os reembolsos, atendimento deficiente, exclusão de críticas e comentários negativos nas redes sociais, e produtos com defeito. O Procon Goiás já tinha autuado a Wipnk em agosto deste ano.
O MPGO pede ainda indenizações condenação por dano moral coletivo de R$ 5 milhões, a ser revertido ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor (FEDC). Além de indenizações individuais. Sustenta ainda que os empresários devem responder solidária e pessoalmente pelos danos.
A investigação aponta ainda que a estratégia de “flash sales” (ofertas-relâmpago) cria senso artificial de urgência. “Induzindo à compra impulsiva e explorando a vulnerabilidade psicológica das consumidoras e dos consumidores, especialmente jovens com menor experiência em compras on-line”.
Élvio Vicente da Silva afirma ainda que o uso da imagem da influenciadora Virgínia Fonseca agrava essa vulnerabilidade. “Milhões de seguidoras e seguidores confiam em sua recomendação”, frisou.
Em nota, a Wepink admite que recebeu as notificações do Procon-GO, inclusive mais de uma sobre os mesmos fatos. Mas garante que respondeu os questionamentos e que atualmente não sofre mais com “atrasos frequentes”.
“Outro ponto importante é que a decisão registra a ausência de defesa, fato esse que contestamos e provamos que houve apresentação de defesa, juntando como prova o aviso de recebimento da nossa defesa pelo PROCON-GO”, enfatizou a empresa.