terça-feira, 14 de outubro de 2025
Goiás já tem quase 400 mil pessoas endividadas

Goiás já tem quase 400 mil pessoas endividadas

Pesquisa da CNC aponta que 122,4 mil goianos não têm condições de pagar suas dívidas. Cenário preocupa comerciantes.

14 de outubro de 2025

Goiás registrou um aumento de 12% no número de pessoas endividadas em setembro de 2025 em comparação com o mesmo mês do ano passado. Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Comércio (CNC).

O número de pessoas endividadas chegou a 398,5 mil no mês passado no estado. Entre os endividados, 226,5 mil afirmaram ter contas em atraso, 13% a mais que no ano anterior. Já 122,4 mil declararam não ter condições de pagar, número 10% superior ao de 2024.

O cartão de crédito segue como o principal motivo de endividamento, sendo o “vilão” para 64,9% dos entrevistados. Seguido por carnês (17,4%), crédito pessoal (12,9%), financiamento de veículos (11,1%) e financiamento habitacional (10,9%).

Em relação ao tempo da dívida, mais da metade (55,2%) das dívidas está em atraso há mais de 90 dias, com média de 70 dias de inadimplência. O comprometimento é de longo prazo: 51,4% dos consumidores afirmam estar endividados há mais de um ano, e 23,9% têm dívidas entre seis meses e um ano.

Desaquecimento econômico

Segundo o presidente da Fecomércio-GO, Marcelo Baiocchi, o cenário é reflexo do desaquecimento econômico e do alto custo do crédito. “Mais de 11% das pessoas têm mais da metade da renda comprometida. Isso é impagável. A economia está dando sinais de retração e os juros elevados tornam o financiamento de qualquer bem inviável”, explica.

O estudo também aponta que 53,7% dos entrevistados comprometem de 11% a 50% da renda mensal com dívidas, enquanto 9,9% usam mais da metade da renda com essa finalidade. Marcelo aponta que esse quadro tende a aumentar a inadimplência. “É um cenário ruim porque muitos consumidores acabam migrando para o grupo dos que não conseguem pagar. A renda não acompanha os compromissos e isso afeta diretamente o comércio”, avalia.

Segundo ele, o impacto é sentido nas vendas, já que o número de consumidores com restrição no crédito cresce. “Quem entra nos cadastros de inadimplentes deixa de ser um comprador ativo. O comércio perde potencial de clientes e tem menos pessoas aptas a comprar no crediário”, frisa.

Brasil

No Brasil, destaca a pesquisa, 13% das famílias afirmam não ter condições de pagar suas dívidas. Esse é o maior percentual desde o início da série histórica da pesquisa, iniciada em 2010. A inadimplência também renovou seu recorde e chegou a 30,5% no mês passado, o que aponta um quadro de crescente fragilidade financeira.

Os dados reforçam o alerta para o ciclo de endividamento prolongado diante do contexto de juros elevados e restrição ao crédito. A CNC projeta que o quadro permanecerá crítico até o fim de 2025: famílias mais endividadas (+3,3 pontos percentuais) e mais inadimplentes (+1,7 ponto percentual) em comparação aos números registrados no fim de 2024.

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