
As empresas e instituições brasileiras ampliaram de forma significativa seus aportes em investimento social corporativo (ISC) no último ano. O volume destinado a ações de impacto social somou R$ 6,2 bilhões em 2024, crescimento de 19,4% em relação ao ano anterior.
Do total investido, R$ 4,79 bilhões vieram de recursos próprios das empresas – alta de 35% – enquanto R$ 1,42 bilhão foram oriundos de recursos incentivados. Segundo a pesquisa Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) 2025, elaborada pela Comunitas, divulgada nesta quinta-feira (23/10).
De acordo com Patrícia Loyola, diretora de investimento social da Comunitas, 2024 foi praticamente o maior ano da série histórica. Superado apenas pelo período da pandemia de Covid-19, quando aportes extraordinários foram destinados ao enfrentamento da crise.
Esta é a 18ª edição do BISC, que reuniu dados de 337 unidades de negócios e 22 institutos e fundações corporativas, além de informações de fontes públicas.
A pesquisa mostra que os temas prioritários para os investidores sociais corporativos continuam sendo educação e cultura. Mas há forte crescimento da inclusão produtiva, especialmente no que se refere à qualificação profissional.
Outro destaque é a agenda climática: em 2024, ações voltadas às emergências climáticas e à prevenção de desastres se tornaram unanimidade entre as empresas brasileiras.
“Não estamos mais diante do risco, mas vivendo as emergências climáticas. A tendência é que episódios extremos se intensifiquem, e a atuação das empresas precisa migrar para uma visão estruturante e de longo prazo”, afirma Loyola.
O estudo aponta que os jovens permanecem como o público prioritário dos investimentos sociais corporativos. O chamado “apagão de talentos”, intensificado pela digitalização e pela desigualdade social, tem levado as empresas a destinar mais recursos para educação e empregabilidade.
“Esse foco também responde a uma dor do próprio negócio: a falta de mão de obra qualificada”, destaca a diretora da Comunitas.
Outro movimento relevante identificado pelo BISC 2025 é o aumento do co-investimento. Em vez de desenvolver projetos próprios, empresas têm preferido financiar iniciativas já existentes e formar alianças com parceiros do setor privado e organizações da sociedade civil.
Segundo Loyola, “as empresas compreenderam que, sozinhas, não conseguem enfrentar os grandes desafios sociais. As parcerias e as redes de confiança são fundamentais para ampliar o alcance das ações”.