Em recuperação judicial, rede goiana tem dívidas de R$ 147,7 milhões, fechou lojas e cortou quase a metade dos funcionários.

O processo de recuperação judicial do Grupo Super Barão, que tramita na 25ª Vara Cível da Comarca de Goiânia (GO), revela um retrato das dificuldades enfrentadas pelo varejo supermercadista regional.
Segundo levantamento do portal Empresas em Crise, a dívida declarada da rede goiana de supermercados chega a R$ 147,7 milhões. Envolve três empresas do grupo: Barão Especialidades & Distribuidora de Alimentos S/A, HRA Participações Ltda. (controladora) e Soma Processamento e Serviços Contábeis S/S Ltda.
Fundado em Goiás, o Super Barão chegou a operar com 27 lojas ativas. Mas, atualmente, enfrenta uma profunda reestruturação para garantir sua sobrevivência no mercado.
O grupo cita principalmente fatores externos, como a alta da inflação e dos juros (Taxa Selic), para as suas dificuldades financeiras. Contudo, documentos do processo apontam que os problemas internos também tiveram peso decisivo.
O conflito societário entre sócios chegou na Justiça, minando a confiança de fornecedores e instituições financeiras. Como consequência, houve restrição ao crédito, fundamental para a operação supermercadista. Isto comprometeu o abastecimento e agravou a perda de competitividade.
Paralelamente, o fechamento acelerado de lojas também expôs fragilidades na estratégia de expansão iniciada em 2017. O crescimento pode ter sido mais rápido do que a capacidade financeira e de gestão da empresa, resultando em operações deficitárias e alto custo operacional.
Com o deferimento da recuperação judicial, o grupo goiano conta com a proteção do stay period de 180 dias, previsto na Lei 11.101/2005, para suspender execuções e renegociar dívidas.
Nesse período, foram adotadas medidas drásticas para tentar restabelecer o equilíbrio financeiro. Entre elas, o fechamento e venda de lojas. Além das já encerradas, negociações para alienação de unidades estão em curso. Também promoveu corte de cerca de 50% do quadro de funcionários, visando diminuir despesas operacionais.
A reestruturação operacional inclui ainda desativação do centro de distribuição, ajustes na política de preços e revisão do mix de produtos, com foco em rentabilidade.
O caso do Super Barão ilustra como a combinação de fatores internos e externos pode levar empresas tradicionais a crises profundas. Para especialistas, a sobrevivência da rede dependerá da capacidade de: aprovar um plano de recuperação viável junto aos credores, reconstruir a confiança de fornecedores e parceiros e reposicionar o negócio em um modelo mais enxuto e sustentável.
Se bem-sucedida, a recuperação poderá transformar o grupo em um exemplo de reestruturação empresarial no varejo regional. Caso contrário, o episódio pode marcar o fim de uma das marcas mais conhecidas do setor supermercadista em Goiás.