domingo, 9 de novembro de 2025
Especialistas sugerem cautela para empresários goianos

Especialistas sugerem cautela para empresários goianos

Especialistas em economia, mercado de crédito e cenário político foram praticamente unânimes no Congresso da FACIEG: cautela. Confira.

9 de novembro de 2025

Executivos de cooperativas de crédito analisam cenário econômico em evento a FACIEG

Especialistas em economia, mercado de crédito e cenário político foram praticamente unânimes no 12º Congresso da FACIEG em Goiânia: sugeriram cautela. O evento reuniu lideranças empresariais de mais de 70 cidades goiana para analisar o cenário macroeconômico para 2026. Uma soma de fatores, como juros altos, inadimplência batendo novos recordes e incertezas políticas faz o quadro ser preocupante.

A diretora de Desenvolvimento da Central Sicredi Brasil Central, Cristieny Paiva, alertou que o cenário do crédito já era desafiador desde 2024. Mas se agravou com a estabilização da taxa Selic em 15% neste ano, o maior patamar dos últimos 20 anos. Segundo ela, a consequência disso é um mercado mais cauteloso. Por isso, obriga empresas e produtores a se adequarem em termos de garantias e fluxo de caixa”.

A executiva destacou ainda que o Brasil atravessa um nível recorde de inadimplência e de pedidos de recuperação judicial, o que impacta tanto as cooperativas quanto os bancos tradicionais. “Vamos sair de 2025 ainda com muitas dificuldades e teremos de colocar alternativas estratégicas na mesa. A expectativa é de retomada apenas em 2027, com uma Selic por volta de 12% ao ano, ainda alta, mas em um ambiente mais aquecido e menos hostil”, avaliou Cristieny.

O diretor-superintendente do Sicoob Nova Central, Ulisses Capistano, reforçou que o crédito depende essencialmente de confiança. “Sem confiança, não há crédito nem demanda. Quem investe precisa acreditar que vai crescer e, do outro lado, quem empresta precisa confiar que vai receber”, afirmou. Ele destacou perspectivas positivas para a produção agrícola e de grãos no Centro-Oeste, que podem impulsionar o comércio e demais setores da economia, apesar de margens mais apertadas na agricultura.

Cenário preocupante

O comentarista de política, economia e justiça da CNN Brasil, Caio Coppolla, entende que o cenário econômico do Brasil é preocupante, principalmente por conta de sua situação fiscal. Para ele, mudanças só virão próximas ao período eleitoral do ano que vem.

Coppolla apresentou dados sobre o PIB, varejo e indústria que demonstram como a economia brasileira está desacelerando, ou seja, com um crescimento menor do que o apresentado nos últimos anos. O analista disse que o dinheiro da população brasileira, cada vez mais mergulhada em dívidas, está indo para os bancos ao invés de ser gasto em bens.

Ele ainda ressaltou a falta de mão de obra e evidenciou o dado de 60 milhões de brasileiros não trabalharem e, mesmo assim, não procurarem emprego. O comentarista culpou a política assistencialista do atual governo, com programas como o Bolsa Família.

“A máquina econômica é orientada para que o pobre consuma toda a sua renda, o que impede a mobilidade social”, afirmou. Para ele, as pessoas perderam a vontade de crescer na vida e se acostumaram com migalhas.

O presidente da FACIEG, Márcio Luís, enfatizou que o empreendedor precisa manter o otimismo

Goiás

O analista fez um contraste da situação de Goiás com o país, uma vez que o estado tem tido um expressivo crescimento e alcançou um PIB recorde de R$377 bilhões em 2024. “O Brasil está destinado ao sucesso, mas Goiás já é um sucesso”, disse. Também evidenciou a boa influência do agro no estado e que o setor é uma ótima alternativa de crescimento para o país. Coppolla crê que “onde o agro toca, a desigualdade diminui”.

O presidente da FACIEG, Márcio Luís, enfatizou que o empreendedor precisa manter o otimismo mesmo em cenários mais desafiadores. “Vivemos um cenário de crédito limitado e de uma gestão pública que pouco estimula a atividade empreendedora. Além disso, há gargalos como a falta de mão de obra qualificada e a defasagem da tabela do Simples Nacional, que empurra micro e pequenos empresários para a informalidade”, destacou.

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