sábado, 15 de novembro de 2025
População pobre é a mais atingida com crescimento travado

População pobre é a mais atingida com crescimento travado

Estudo do CLP analisou o impacto do baixo crescimento econômico sobre a população de menor renda no Brasil. Confira.

10 de novembro de 2025

A renda média dos 20% mais pobres do Brasil poderia ter avançado de R$ 275 para R$ 607 se o país tivesse crescido no ritmo dos demais países emergentes nas últimas três décadas. A estimativa faz parte de um estudo do Centro de Liderança Pública (CLP), que analisou o impacto do baixo crescimento econômico sobre a população de menor renda.

Segundo o levantamento, embora o Brasil tenha reduzido significativamente os índices de pobreza desde os anos 1990, esse avanço ocorreu à custa do aumento da carga tributária. Fator que, segundo Daniel Duque, gerente de Inteligência Técnica do CLP, dificulta o desenvolvimento econômico e limita a capacidade de inovação do país.

Desde 1992, a pobreza extrema caiu de cerca de 30% para menos de 5% da população. Já a chamada pobreza intermediária, que atingia mais de 40% dos brasileiros, hoje está próxima de 7%.

Esse avanço foi resultado de fatores como: estabilização econômica e controle da inflação; aumento da escolaridade; valorização real do salário mínimo; e expansão dos programas de transferência de renda.

No mesmo período, a renda dos mais pobres cresceu substancialmente: 57,5% entre os 20% mais pobres; 61,6% entre os 20% a 40%; 65,5% entre os 40% a 60%; 53,5% entre os 60% a 80%; e 22,1% entre os 20% mais ricos.

Apesar disso, a desigualdade permanece elevada: os 20% mais pobres detêm apenas 1,2% da renda nacional, enquanto os 20% mais ricos concentram quase 40%.

Carga tributária

A carga tributária brasileira subiu de menos de 25% do PIB em 1992 para quase 35% em 2024. Segundo o estudo, esse movimento pressionou o ambiente econômico e ajudou a desacelerar o crescimento.

Entre 1995 e 2022, o PIB per capita do Brasil cresceu apenas 1,2% ao ano. Enquanto a média global avançou mais de 2% e os países de renda média-alta — grupo ao qual o Brasil pertence — tiveram expansão em torno de 4% ao ano.

“Ganhamos muito em redução da pobreza e desigualdade, mas perdemos posições de renda. E isso cobra um preço dos mais pobres, porque menos crescimento significa menos empregos de qualidade e menor mobilidade”, afirma Duque.

O CLP simulou cenários comparando o que teria ocorrido se o Brasil tivesse crescido mais. Os resultados mostram que o desenvolvimento econômico teria impacto mais decisivo na renda dos mais pobres do que a redistribuição. Confira:

• Renda atual dos 20% mais pobres: R$ 275
• Brasil crescendo na média mundial: R$ 355
• Crescendo na média dos emergentes: R$ 607
• Se tivesse distribuição de renda dos países de renda média alta: R$ 298
• Se tivesse distribuição dos países desenvolvidos: R$ 436

“O crescimento sustentado é, de longe, a variável que mais eleva o piso material dos mais vulneráveis”, diz Duque. Segundo ele, o desenvolvimento aumenta o valor gerado por hora trabalhada, eleva salários e cria um ambiente mais favorável ao empreendedorismo.

Saiba mais: Distribuição de renda em Goiás é mais igualitária que a média nacional

O portal EMPREENDER EM GOIÁS tem como principal objetivo incentivar, apoiar e divulgar os empreendedores goianos com conteúdos, análises, pesquisas, serviços e oportunidades de negócios.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não será publicado.