Levantamento mostra que 72% das empresas não estão preparadas para as novas exigências que começam a valer em janeiro de 2026.

A maior parte das empresas brasileiras ainda não adaptou seus processos internos às novas regras de recolhimento e declaração de tributos sobre consumo. Isto a menos de três meses da entrada em vigor das primeiras obrigações práticas da reforma tributária.
Segundo levantamento da empresa de tecnologia V360, 72% das companhias não estão preparadas para a transição, que começa em 1º de janeiro de 2026. O estudo ouviu 355 empresas dos setores de varejo, indústria, construção civil, agronegócio e tecnologia.
De acordo com os dados, 33,2% das empresas ainda não iniciaram qualquer discussão interna sobre os impactos da reforma. Enquanto 38,6% estão apenas em fase preliminar de diagnóstico. Apenas 28,1% afirmam ter um plano estruturado de adaptação.
A reforma, aprovada em 2023 e regulamentada em 2024, promove a unificação dos tributos sobre consumo (PIS, Cofins, ICMS e ISS), que serão substituídos por dois impostos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) – de gestão estadual e municipal; e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) – administrada pela União.
A implementação será gradual. Em janeiro de 2026, começa a cobrança das alíquotas de teste: 0,9% para a CBS e 0,1% para o IBS. Em 2027, serão extintos PIS/Cofins e a CBS passará à alíquota de referência definida pelo Ministério da Fazenda. A transição completa deve ocorrer até 2033.
O levantamento aponta que as maiores dificuldades estão relacionadas ao recebimento e conferência de notas fiscais. Passam a ter cerca de 200 novos campos para adequação às novas exigências.
A V360 alerta que a falta de adaptação pode gerar bloqueios de faturamento, atrasos no pagamento a fornecedores e impacto direto no fluxo de caixa. Inclusive, podendo comprometer a continuidade das operações.
Embora grande parte das empresas esteja focada na emissão das novas notas fiscais, o estudo destaca que o maior risco está no ingresso fiscal. Ou seja, nos processos de recebimento, conferência e liquidação de documentos. Esse ponto tende a ser um dos mais críticos da reforma.
Segundo a empresa, “se a companhia não conseguir emitir e liquidar notas, ela pode simplesmente parar”, reforçando a urgência por ajustes nos sistemas fiscais e ERP.
O estudo revela ainda que muitas empresas não incluíram a adequação à reforma tributária nos orçamentos de 2025, o que deve gerar uma corrida tardia por consultorias e soluções de automação no fim do ano.