
O ambiente de juros elevados no país tem provocado uma corrida dos brasileiros para a renda fixa. Em outubro, as vendas de títulos públicos do Tesouro Direto atingiram R$ 7,1 bilhões. Trata-se do maior volume já registrado para o mês desde a criação do programa, segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional.
O montante representa alta de 4,5% em relação a setembro (R$ 6,86 bilhões) e um salto de 27% frente a outubro de 2024. O recorde absoluto continua sendo março deste ano, quando as vendas chegaram a R$ 11,6 bilhões.
O principal vetor do avanço é a escalada da Taxa Selic, que passou de 10,5% ao ano em setembro do ano passado para 15% ao ano no atual ciclo. Com retornos mais atraentes, sobretudo em títulos indexados aos juros básicos, o Tesouro Direto voltou a ganhar protagonismo na carteira dos investidores. Especialmente dos pequenos aplicadores.
Criado em 2002, o Tesouro Direto é um dos principais instrumentos de captação de recursos do governo federal para financiar a dívida pública. Em troca, remunera os investidores com taxas atreladas à Selic, à inflação ou prefixadas.
Os papéis atrelados à Selic lideraram a preferência em outubro, respondendo por 48,1% das vendas. Em seguida, apareceram os títulos indexados ao IPCA (32,2%) e os prefixados (10,6%). Segundo o Tesouro Nacional, a combinação de juros elevados e expectativas de alta da inflação mantém os títulos pós-fixados e os indexados ao IPCA entre as apostas mais procuradas.
Com a forte demanda, o estoque total de títulos do Tesouro Direto ultrapassou a barreira dos R$ 200 bilhões, atingindo R$ 200,97 bilhões no fim de outubro. O crescimento expressivo 36,6% em 12 meses é resultado da valorização dos papéis pelos juros e de um volume de vendas que superou os resgates em R$ 3,7 bilhões no mês.
Outubro também registrou o ingresso de 238,7 mil novos investidores na plataforma, elevando o total para 33,8 milhões de cadastrados. Alta de 11,7% em um ano. Já o número de investidores ativos chegou a 3,26 milhões, avanço de 20,7%. A predominância das aplicações de menor valor evidencia a adesão crescente dos pequenos investidores. Sendo que 80,2% das operações foram de até R$ 5 mil.