quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
Goiás avança no saneamento, mas precisa acelerar investimentos

Goiás avança no saneamento, mas precisa acelerar investimentos

Estudo da Fieg mostra que Goiás tem avançado na expansão da rede de água e esgoto, mas ainda insuficiente para garantir a universalização.

4 de dezembro de 2025

Goiás apresenta um dos avanços mais consistentes do país em abastecimento de água e redução de perdas, além de crescimento significativo na cobertura de esgoto. No entanto, o ritmo atual não é suficiente para garantir a universalização dentro dos prazos do Marco Legal. Precisa de uma nova rodada de investimentos estruturantes, especialmente na coleta de esgoto e na modernização de redes, para transformar eficiência hídrica em vantagem competitiva e desenvolvimento sustentável.

Segundo aponta o Relatório de Infraestrutura – Saneamento 2025, divulgado nesta quinta-feira (4/12) pelo Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg). Trata-se de uma radiografia abrangente do abastecimento de água, perdas hídricas, coleta e tratamento de esgoto no estado.

Os dados, compilados a partir do Sistema Nacional de Informações em Saneamento (Sinisa), mostram avanços robustos na última década. Mas também alertam para a necessidade de aceleração dos investimentos para que Goiás cumpra as metas do Marco Legal do Saneamento.

Cobertura de água

O abastecimento de água atingiu 89,3% da população total em 2024 e 98,2% da população urbana, consolidando Goiás como um dos estados mais avançados do Centro-Oeste. Desde 2010, a cobertura urbana cresceu de 91,1% para o patamar atual. Enquanto a cobertura total saiu de 82,5% para 89,3%.

Outro indicador que reflete melhoria estrutural é o Índice de Perdas na Distribuição de Água, que caiu de 32,2% para 23,5% em 14 anos — desempenho muito superior à média nacional de 39,9%.

A queda de 27% nas perdas demonstra mais eficiência no controle operacional e na gestão das redes. Ainda assim, o relatório alerta que reduzir as perdas para níveis próximos aos de países desenvolvidos (abaixo de 20%) requer modernização mais agressiva das redes, sensores, macromedição e substituição de tubulações antigas.

Esgoto

A infraestrutura de esgotamento sanitário também apresenta evolução expressiva. A cobertura da população atendida passou de 37,6% (2010) para 67,3% (2024). Nas áreas urbanas, a cobertura alcança 74%. Embora apresente sinais de estabilização, indicando que os próximos avanços dependerão de projetos em áreas menos densas — mais custosos e complexos.

O tratamento do esgoto coletado chegou a 94,7%, um dos melhores índices do país. Por outro lado, apenas 60% do esgoto gerado recebe tratamento, o que revela que o principal gargalo hoje está na coleta, não na etapa de tratamento. A ampliação da rede, especialmente em municípios de menor porte, figura entre os grandes desafios para os próximos anos.

Marco Legal

O Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020, estabelece a meta de universalização dos serviços até 2033, com possibilidade de extensão até 2040 para casos devidamente justificados. Embora esteja acima da média brasileira em vários indicadores, Goiás ainda enfrenta gargalos para alcançar a universalização, sobretudo na coleta de esgoto e na redução das desigualdades regionais.

“Os dados mostram que Goiás está avançando, mas precisamos acelerar. A ampliação do saneamento não é apenas uma obrigação legal — ela impacta diretamente a saúde das cidades, o desenvolvimento regional e a capacidade das empresas de operar com segurança hídrica”, afirma o presidente do Coinfra, Célio Eustáquio de Moura.

Célio Eustáquio: “Investir em saneamento significa fortalecer o ambiente de negócios.”

Competitividade industrial

O relatório destaca que o saneamento é um ativo estratégico para o setor produtivo. A disponibilidade de água confiável e tratada, associada a menores perdas e redes eficientes, influencia diretamente: competitividade industrial, custos operacionais, planejamento de longo prazo, segurança hídrica e ambiental.

Setores como alimentos e bebidas, fármacos, mineração, metalurgia e agroindústrias dependem intensamente de regularidade no abastecimento para operar sem riscos. “Investir em saneamento significa fortalecer o ambiente de negócios. Água confiável, perdas menores e redes eficientes permitem que as indústrias ampliem sua competitividade”, reforça Célio Eustáquio.

Principais desafios

Mesmo com avanços significativos, o estudo do Coinfra lista quatro frentes essenciais para a próxima década. São eles:

  • Expandir a coleta e o tratamento de esgoto: especialmente em áreas rurais e municípios de baixa densidade, onde o custo por domicílio é maior.
  • Modernizar e digitalizar redes para reduzir perdas: a meta é atingir padrões internacionais de eficiência hídrica, o que exige sensores, telemetria e renovação de ativos.
  • Garantir investimentos contínuos, públicos e privados: atingir a universalização depende de previsibilidade regulatória e alinhamento com o Marco Legal.
  • Fortalecer sistemas de monitoramento e gestão: melhorias em governança, transparência e controle operacional impactam diretamente a sustentabilidade do sistema.

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