Apesar da trajetória de queda da inflação, juros elevados do BC têm impacto maior crescimento da economia brasileira.

A atividade econômica brasileira registrou retração em outubro, sinalizando uma perda de fôlego no ritmo de crescimento ao fim do ano. Dados divulgados nesta segunda-feira (15/12) pelo Banco Central (BC) mostram que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,2% na comparação com setembro.
Em relação a outubro de 2024, houve alta de 0,4%. No acumulado do ano, o IBC-Br registra crescimento de 2,4%, enquanto, em 12 meses, a variação positiva chega a 2,5%.
Em 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) fechou com alta de 3,4%, marcando o quarto ano consecutivo de crescimento. E o melhor desempenho desde 2021, quando a economia avançou 4,8%. O desafio agora é sustentar a expansão em um cenário de juros elevados e maior cautela monetária.
Considerado um dos principais termômetros da economia brasileira, o IBC-Br consolida informações da indústria, do comércio, dos serviços, da agropecuária e da arrecadação de impostos.
Embora não substitua PIB, o índice serve como subsídio técnico para as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica de juros, a Selic — atualmente em 15% ao ano.
A leitura mais moderada da atividade econômica, combinada com a desaceleração inflacionária recente, contribuiu para a decisão do Copom de manter a Selic pela quarta reunião consecutiva, na última reunião do ano, realizada na semana passada.
A taxa Selic está no nível mais alto desde julho de 2006, quando atingiu 15,25% ao ano. Após alcançar 10,5% em maio do ano passado, os juros voltaram a subir a partir de setembro de 2024, chegando aos atuais 15% na reunião de junho deste ano — patamar preservado desde então.
A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do país – passou de 4,4% para 4,36% este ano. Segundo o boletim Focus desta segunda-feira (15/12), divulgado semanalmente pelo BC com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.
Pela quinta semana seguida, a previsão teve queda, alcançando o intervalo da meta de inflação perseguida pelo BC. Apesar desse alívio inflacionário, o Banco Central mantém cautela. Avalia que o ambiente econômico segue marcado por elevado grau de incerteza, o que exige prudência na condução da política monetária.
Segundo o BC, os juros devem continuar em patamar restritivo por um período prolongado. A estimativa dos analistas de mercado é que a taxa básica caia para 12,1% até o final de 2026. Para 2027 e 2028, a previsão é que a Selic seja reduzida novamente para 10,5% ao ano e 9,5% ao ano, respectivamente.