A tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros pode provocar uma retração de 0,23% no Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás. De acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), esse percentual representa um impacto negativo estimado em R$ 798 milhões na economia goiana.
A medida, defendida pelo ex-presidente Donald Trump, pode entrar em vigor já nesta sexta-feira (1º/8), caso não haja recuo ou flexibilização por parte do governo norte-americano. Com isso, Goiás seria o 9º estado brasileiro mais afetado pelas novas tarifas de importação.
Em 2024, as exportações de Goiás para os Estados Unidos totalizaram US$ 408,5 milhões. Embora esse valor represente apenas 3,3% do total exportado pelo estado, 94,5% dessas vendas externas foram realizadas pela indústria de transformação. O que demonstra a elevada dependência do setor industrial goiano em relação ao mercado americano.
Entre os segmentos mais atingidos pelas novas tarifas estão:indústria de alimentos, responsável por 61,8% das exportações goianas aos EUA; setor de metalurgia, que representa 22,8% das exportações; indústria de couros e calçados, com participação de 5%.
Além disso, Goiás tem posição de destaque nacional em determinados produtos. O estado é o segundo maior exportador brasileiro de carne bovina para os EUA, com 16% de participação. Também figura como o quinto maior exportador de ferro-gusa e ferro-ligas, respondendo por 5% do total vendido ao mercado americano.
Em contrapartida, as importações de produtos dos Estados Unidos para Goiás também foram expressivas em 2024, alcançando US$ 648,4 milhões. Esse valor corresponde a 11,4% de todas as importações feitas pelo estado no ano.
Importante destacar que quase 100% das compras externas goianas junto aos EUA são realizadas pela indústria. Com destaque para: máquinas e equipamentos, que representam 38,3% do total importado; fármacos, produtos químicos e farmacêuticos, com participação de 36,9%.
A CNI ressalta que as exportações brasileiras para os Estados Unidos têm papel relevante na economia do Brasil. Em 2024, para cada R$ 1 bilhão exportado para o mercado americano, foram gerados: 24,3 mil empregos; R$ 531,8 milhões em massa salarial; e R$ 3,2 bilhões em valor de produção.
Nos últimos dez anos, a indústria de transformação brasileira respondeu, em média, por 82% das exportações e por 90% das importações em relação aos Estados Unidos. Esse dado evidencia a centralidade do setor industrial nas relações comerciais entre os dois países.
Apesar da importância do Brasil como parceiro comercial, os Estados Unidos mantêm um superávit expressivo na balança comercial com o país. Apenas em bens, o saldo positivo dos norte-americanos somou US$ 91,6 bilhões na última década. Quando incluídos os serviços, esse valor salta para US$ 256,9 bilhões.
Ainda assim, o Brasil mantém tarifas médias baixas para produtos dos EUA, com média de apenas 2,7%. Além disso, mais de 70% dos produtos importados do mercado norte-americano estão isentos de impostos de importação. Entre os principais itens isentos, destacam-se petróleo, peças de aviação e fertilizantes — todos considerados estratégicos para a economia brasileira.
Por fim, os Estados Unidos seguem sendo o maior investidor estrangeiro no Brasil. Ao mesmo tempo, também são o principal destino dos investimentos brasileiros no exterior, consolidando a forte presença de empresas que atuam de forma bilateral entre os dois países.