quinta-feira, 2 de outubro de 2025
Sobretaxa dos EUA afeta exportações de Goiás em R$ 1,4 bi

Sobretaxa dos EUA afeta exportações de Goiás em R$ 1,4 bi

Começa vigorar a sobretaxa de 50% dos EUA que terá efeito nas exportações de carne, açúcar e grãos de Goiás.

6 de agosto de 2025

André Rocha: “Os produtos mais importantes para Goiás, como carne e açúcar orgânico, continuam tributados”

A sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros começa a valer nesta quarta-feira (6/8), cinco dias após o prazo inicialmente anunciado pelo presidente americano Donald Trump.

Embora 694 produtos tenham sido excluídos da lista de taxações, os principais setores exportadores de Goiás – como carnes, açúcar e cooperativas de grãos – continuam sendo fortemente afetados.

Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha, apesar de avanços recentes, o cenário ainda é preocupante. “Apesar da prorrogação no início da tarifa e da inclusão de exceções, os produtos mais relevantes para Goiás, como a carne bovina e o açúcar orgânico, seguem tributados”, afirmou ao portal EMPREENDER EM GOIÁS.

De acordo com estimativas da Fieg, os impactos econômicos para a indústria goiana podem chegar a R$ 1,4 bilhão até o fim de 2025 – o equivalente a aproximadamente R$ 4 milhões por dia.

Esse prejuízo potencial compromete a competitividade das exportações goianas no mercado americano, considerado um dos mais estratégicos para o Estado.

Sem alívio

Além disso, o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras em Goiás (OCB-GO), Luís Alberto Pereira, destacou que as isenções anunciadas pelos EUA não aliviaram as pressões sobre o setor produtivo. Inclusive, sobre o setor cooperativista.

“As principais exceções não nos beneficiam. Houve, sim, uma diminuição da incerteza sobre os produtos afetados, mas os impactos concretos permanecem”, declarou.

Atualmente, as cooperativas goianas exportam, em sua maioria, grãos – geralmente por meio de tradings internacionais. Com a nova tarifa em vigor, a expectativa é de aumento dos custos operacionais e, consequentemente, redução das margens de comercialização.

“Essa conjuntura pressiona diretamente a sustentabilidade econômica das cooperativas, que já operam em um cenário de alta competitividade global”, enfatizou Luís Alberto.

Marcelo Baiocchi critica atuação do governo: “A condução das negociações é amadora”

Agronegócio

No setor agropecuário, os efeitos do tarifaço também já são percebidos. Conforme informou o gerente técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Edson Novaes, as exportações goianas de carne bovina para os EUA já enfrentam grandes desafios.

“Somente no primeiro semestre deste ano, exportamos cerca de US$ 208 milhões em carne bovina para o mercado americano. Com a sobretaxa de 50%, os custos logísticos e operacionais dos embarques podem subir até 76%, o que inviabiliza economicamente essas operações”, explicou.

Diante desse cenário adverso, frigoríficos instalados em Goiás já começaram a reduzir os abates destinados exclusivamente ao mercado norte-americano. Estimativas da Faeg indicam um prejuízo de aproximadamente R$ 980 milhões ainda em 2025, somente no segmento de carne bovina.

Para mitigar os danos, será necessário diversificar os destinos das exportações. “O redirecionamento para mercados alternativos, como China, México e União Europeia, é possível, mas demanda tempo, articulação diplomática e logística bem estruturada”, concluiu Edson.

Comércio

O comércio também projeta reflexos. O presidente da Fecomércio-GO, Marcelo Baiocchi, afirmou que, mesmo sem exportar diretamente para os Estados Unidos, o setor sofrerá. “Com a retração econômica, cai o poder aquisitivo, aumenta o desemprego, e isso atinge diretamente o comércio, serviços e turismo.”

Baiocchi criticou a atuação do governo federal nas tratativas com os Estados Unidos. “A condução das negociações é amadora. O Itamaraty não conseguiu encaminhar soluções, e a visita de senadores ao país não trouxe resultados.”

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