Energia em Goiás cresce com avanço da solar e mercado livre; Fieg destaca desafios e oportunidades para o setor.
A produção de energia elétrica em Goiás cresceu 36,9% em 2024, em relação ao ano anterior. Com isto, o estado consolida a força da matriz hidráulica e a expansão da energia solar. Segundo dados do Relatório de Infraestrutura: Energia Elétrica 2025, divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), por meio do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra).
Em 2024, a geração alcançou o maior volume da série histórica: 33.165 GWh. O desempenho foi impulsionado pela recuperação das hidrelétricas, que somaram 27.144 GWh, e pela evolução da solar, que saltou de zero em 2015 para quase 2 mil GWh em 2024.
A energia hidrelétrica segue predominante em Goiás, com 81,8% da geração, enquanto a solar já responde por 6% do total. A previsão até 2031 é de 114 novos empreendimentos, sendo 89% solares, o que deve acrescentar mais de 5,5 GW de potência.
O relatório também destaca o avanço da geração distribuída: já são 158 mil unidades conectadas, com capacidade de 2.125 MW, revelando maior interesse de residências, comércios e indústrias em gerar a própria energia.
Entre 2015 e 2024, o consumo de energia em Goiás aumentou 41%. O destaque foi o mercado livre de energia, que cresceu 168% no período, com o setor industrial respondendo por 92% da demanda. A migração foi expressiva: em 2015, a indústria consumia 2.358 GWh no mercado cativo; em 2024, esse número caiu para 404 GWh, enquanto no mercado livre subiu para 5.961 GWh.
Segundo a Fieg, a mudança é explicada pela busca por custos mais competitivos, previsibilidade e pela possibilidade de contratar energia de fontes renováveis. Atualmente, Goiás conta com 3,5 milhões de consumidores, dos quais 1.555 unidades no mercado livre, impulsionadas pela abertura do ACL para grandes consumidores.
O presidente do Coinfra, Célio Eustáquio de Moura, lembra que o sistema elétrico depende das chamadas fontes despacháveis. Como hidrelétricas e termelétricas, que garantem fornecimento mesmo em períodos sem sol ou vento. Ele reforça que o avanço da solar e da eólica exige um modelo comercial que não desestimule os investimentos em geração controlável.
Outro ponto de atenção é o mercado livre de energia, considerado fundamental para reduzir custos, mas que ainda precisa de ajustes regulatórios. Segundo Célio, o mercado tradicional segue sendo responsável pela garantia do fornecimento de energia, mesmo quando há falhas no ACL.
Apesar dos avanços, o relatório destaca os desafios da distribuição. Entre 2018 e 2024, os reajustes tarifários acumulados superaram 50% para indústrias de alta tensão.
A distribuidora Equatorial Goiás investiu mais de R$ 2,1 bilhões, mas ainda apresenta indicadores de continuidade abaixo do ideal.
Em 2024, o DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) foi de 15,9 horas, acima do limite regulatório, colocando a empresa na 30ª posição nacional. Já o FEC (Frequência Equivalente de Interrupções) caiu para 7,6 ocorrências, dentro do limite da Aneel.
No preço, a tarifa média regional ficou em R$ 757,84/MWh, enquanto a Equatorial Goiás praticou R$ 712,43/MWh, mantendo maior competitividade, mas ainda pressionada pelos ciclos de reajuste.
O estudo da Fieg reforça que a energia elétrica é insumo essencial para a produção industrial e que previsibilidade no fornecimento e nos preços é condição fundamental para a competitividade do setor produtivo.
“O relatório é uma ferramenta de grande valor para orientar decisões de investimento e planejamento. Energia confiável e com preços competitivos é condição para manter e atrair indústrias para Goiás”, conclui Célio Eustáquio, que também preside o Sindienergias, sindicato patronal das indústrias do setor.