Produtores e lideranças políticas defenderam investimentos urgentes durante a Abertura do Plantio de Soja Goiana, em Nova Crixás (GO).
Produtores rurais, lideranças políticas e entidades do agronegócio defenderam investimentos urgentes em infraestrutura energética em Goiás. Especialmente no Norte do Estado e no Vale do Araguaia. O pedido aconteceu durante a Abertura do Plantio de Soja Goiana, realizada neste sábado (27/9) em Nova Crixás (GO).
O evento, promovido pela Associação dos Produtores de Soja, Milho e Outros Grãos de Goiás (Aprosoja-GO), reuniu mais de mil pessoas entre produtores, autoridades e representantes do setor. A região, considerada a nova fronteira agrícola do estado, já responde por 10% da produção de soja de Goiás. Mas tem potencial para ampliar em até 50% sua área cultivável. Porém, enfrenta um entrave crucial: a falta de energia elétrica.
Segundo os produtores, a deficiência no fornecimento de energia é hoje o principal obstáculo ao crescimento do Vale do Araguaia. Na safra 2024/25, Goiás colheu 20,75 milhões de toneladas de soja, das quais 10% tiveram origem na região.
O presidente da Aprosoja-GO, Clodoaldo Calegari, foi enfático: “Temos um estado estacionado por conta da falta de fornecimento de energia. Nessa questão, não vamos dar refresco, vamos para cima e insistir.”
A entidade, em parceria com o governo estadual, busca soluções junto ao Ministério de Minas e Energia e à concessionária responsável para viabilizar investimentos em novas linhas de transmissão. Um dos pontos em negociação é a inclusão da região no leilão do novo linhão previsto para outubro.
O vice-governador Daniel Vilela (MDB) destacou que o Vale do Araguaia é estratégico para elevar Goiás à 2ª posição nacional na produção de grãos. “Estamos fazendo uma demonstração da grande expectativa que Goiás, o Brasil e o mundo têm dessa região se tornar uma nova fronteira agrícola”, afirmou.
Já o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, reforçou a importância da união entre governo e entidades para superar gargalos. Ele citou rodovias concluídas recentemente e defendeu que energia é peça-chave para a irrigação: “Resolvido o problema da energia elétrica, teremos uma região de alta prosperidade e de alto desenvolvimento.”
Para o ex-ministro Aldo Rebelo, que palestrou no evento, trata-se de uma transformação notável: “Há 30 anos essa região pouco produzia. O espírito empreendedor dos produtores rurais transforma o Brasil em uma esperança contra a fome mundial.”
Outro ponto enfatizado foi a sustentabilidade. O presidente do IMB, Erik Figueiredo, ressaltou que a produção no Vale respeita o Código Florestal e promove a recuperação de áreas degradadas.
A região possui 259 mil hectares de terras improdutivas, cuja recuperação poderia custar R$ 3 bilhões em cinco anos, mas que já vêm sendo aproveitadas para cultivos agrícolas. Essa conversão gera captura de carbono e reforça o compromisso ambiental do agronegócio.
Além da energia, a logística foi apontada como vetor de desenvolvimento. O projeto do Terminal Logístico de Grãos da Ferrovia de Integração Centro-Oeste deve alavancar a economia regional. Segundo Figueiredo, com estimativa de crescimento de 9,6% no PIB agropecuário local (R$ 132,6 milhões) e criação de quase 10,8 mil empregos formais nos próximos anos.