Mercado imobiliário de Goiás deve ser beneficiado com mais de 10% das unidades previstas pelo novo programa do governo.
O novo modelo de crédito imobiliário anunciado pelo governo federal deve gerar impacto positivo no mercado da construção civil em Goiás. Segundo entidades do setor, Goiás deve ser beneficiado com mais de 10% das 80 mil novas unidades previstas pela Caixa Econômica Federal. Desde que o mercado reaja bem ao novo formato de financiamento.
A proposta do governo busca atender famílias que não se enquadram nas faixas do Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Mas que também não conseguem comprar um imóvel com as atuais taxas de mercado.
A medida amplia o acesso ao crédito habitacional para famílias de classe média, ao elevar o valor máximo dos imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. O programa também passa a atender famílias com renda entre R$ 12 mil e R$ 20 mil, com juros limitados a 12% ao ano.
Outra mudança importante é o fim do depósito compulsório, ou seja, da exigência de que os bancos mantenham parte dos recursos da poupança retidos no Banco Central (BC). A liberação desses valores deve aumentar o volume de crédito disponível para o setor habitacional.
De acordo com o diretor de Pesquisas da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Credson Batista, as mudanças foram recebidas com entusiasmo pelo mercado. “A ampliação do limite do SFH e a liberação do compulsório tornam o crédito mais acessível para imóveis de médio padrão, o que democratiza o acesso e deve impulsionar as vendas nos próximos meses”, diz ao EMPREENDER EM GOIÁS.
O presidente do Secovi-GO, Antônio Carlos, reforça o impacto esperado da medida. “A Caixa Econômica Federal (CEF), tradicionalmente, oferece as menores taxas do mercado. Se essa nova linha de crédito vier com juros mais baixos, o resultado será expressivo. Goiás ainda tem um déficit habitacional grande para imóveis de até R$ 500 mil. Com juros mais atrativos, a demanda reprimida deve movimentar o setor”, frisa.
Para a diretora do Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Sinduscon-GO), Carolina Lacerda, o novo modelo tem potencial para impulsionar o setor. Mas o impacto dependerá da estrutura financeira das empresas e da resposta do sistema bancário.
“Há construtoras preparadas para atuar nesse novo segmento, com produtos prontos e adaptáveis às regras, mas nem todas possuem o mesmo nível de capitalização ou acesso a crédito. A execução em larga escala vai depender da rapidez na adequação dos agentes financeiros e do custo efetivo do financiamento para o consumidor”, pontua ao EMPREENDER EM GOIÁS.
Segundo Carolina, o segmento de médio padrão já representa a maior parte dos lançamentos em Goiânia, mas vinha registrando uma velocidade de vendas menor que o mercado econômico. “Esse novo crédito pode destravar muitas negociações paradas, principalmente em empreendimentos em estágio avançado de obra, quando o risco percebido pelo comprador é menor”, afirma.
Ela acrescenta que há demanda reprimida na capital e no interior. Mas o sucesso do programa estará condicionado à localização dos projetos, à faixa de preço e às condições de financiamento. “A classe média é um público sensível ao custo final. Se o crédito vier com taxas competitivas, o impacto será direto na retomada dos lançamentos e nas vendas”, conclui.