quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Exportações goianas aos EUA crescem mesmo após tarifaço

Exportações goianas aos EUA crescem mesmo após tarifaço

Estudo da FGV mostra que Goiás “dribla” tarifas de Trump e registra alta nas exportações para os Estados Unidos.

22 de outubro de 2025

As exportações goianas para os Estados Unidos registraram forte crescimento. Mesmo após as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump ao Brasil, que passaram a vigorar em agosto de 2025. O cenário em Goiás, no entanto, contrasta com a realidade da maioria dos estados brasileiros, segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

De acordo com a instituição, “o tarifaço dos EUA inaugurou um período de deslocamentos de calendário, reprecificação e redirecionamento de pedidos que ainda reorganiza o fluxo exportador brasileiro. Após a corrida de embarques em julho e a ressaca de agosto, setembro é a primeira fotografia com algum reequilíbrio. Valiosa para separar efeitos transitórios de ajustes persistentes”.

Em setembro de 2025, as exportações de Goiás para os EUA cresceram 63,3% em relação ao mesmo mês de 2024. Totalizaram US$ 64,6 milhões, contra US$ 53,4 milhões do ano anterior.
No acumulado de 2025, a alta soma 20,9%.

Outro destaque é o desempenho do Ceará, que também aumentou os embarques para o mercado norte-americano: 12% em setembro e 152,9% no acumulado do ano. Segundo a FGV, “esses resultados sugerem mudança de mix de produtos exportados e uma melhor organização dos embarques”.

Estados com quedas expressivas

Enquanto Goiás e Ceará avançaram, vários estados brasileiros registraram forte retração nas vendas externas para os EUA em setembro de 2025, na comparação anual. Os maiores recuos foram:

  • Mato Grosso: –81%
  • Tocantins: –74,3%
  • Alagoas: –71,3%
  • Piauí: –68,6%
  • Rio Grande do Norte: –65%
  • Pernambuco: –64,8%

Assim, dos seis estados mais impactados, quatro estão no Nordeste. As causas apontadas pelo estudo são: pauta exportadora muito concentrada, presença elevada de produtos atingidos pelas tarifas e logística irregular.

Outros estados também tiveram perdas expressivas: Mato Grosso do Sul (–57,8%), Paraná (–56,3%), Santa Catarina (–54,9%), Rio Grande do Sul (–51,5%) e Minas Gerais (–50,5%).

Em termos de dólares, os maiores prejuízos em setembro foram registrados em: Minas Gerais: (–US$ 236 milhões), Santa Catarina (–US$ 95,9 milhões), São Paulo (-US$ 94 milhões), Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (–US$ 88,8 milhões, cada), Paraná (US$ 82,4 milhões).

Segundo a FGV, “estados com base industrial maior perdem mais em dólares, mesmo quando a queda proporcional em porcentagem é menor”.

Produtos taxados: Goiás em destaque

Um dos pontos mais relevantes do estudo é que os produtos goianos atingidos pelas novas tarifas dos EUA cresceram 89,4% em setembro, na comparação anual. Outros estados com desempenho positivo foram: Ceará (aumento de 156,7%), Distrito Federal (23,2%) e Amazonas (10%).

A FGV avalia que “Ceará e Goiás demonstram que é possível reconfigurar rapidamente o mix exportador e crescer até no núcleo não isento. Explorando nichos menos sensíveis, com melhor elasticidade de demanda, mesmo sob tarifa”.

Por outro lado, a maioria dos estados brasileiros sofreu forte retração nas exportações de produtos taxados. Destaque para Acre (–99,9%), Maranhão (–76,6%), Mato Grosso do Sul (–75,8%), Mato Grosso (–75,7%) e Tocantins (–74,3%).

Produtos isentos: queda inesperada

Curiosamente, os produtos goianos isentos das tarifas registraram queda de –70,3% em setembro de 2025. Situação semelhante ocorreu em Pernambuco (–95,8%), Mato Grosso (–91,4%), Rio Grande do Sul (–64,4%), Paraná (–52,9%), Minas Gerais (–51,9%) e outros estados industriais.

A FGV conclui que “os maiores perdedores concentram-se em estados com pauta restrita e alto peso de produtos não isentos, além de polos industriais fortemente impactados pelas tarifas norte-americanas”.

Portanto, o estudo mostra que Goiás conseguiu adaptar rapidamente sua pauta exportadora, ganhando espaço nos Estados Unidos em um momento de retração para grande parte do Brasil. A combinação de diversificação de produtos, logística competitiva e ajuste de preços foi decisiva para esse resultado.

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