A pesquisa venceu a etapa Centro-Oeste do Prêmio FINEP de Inovação, na categoria Cadeias Agroindustriais Sustentáveis.

O Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas de Goiás desenvolveu um projeto que conseguiu o aproveitamento integral do pequi e do babaçu. Os primeiros resultados mostram o reaproveitamento de 70% dos resíduos dos frutos, antes descartados.
Por causa desses avanços, a pesquisa venceu a etapa Centro-Oeste do Prêmio FINEP de Inovação, na categoria Cadeias Agroindustriais Sustentáveis. Agora, avança para a fase nacional da premiação, em dezembro, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Segundo a gerente do Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas, Fernanda Godoy de Souza, o projeto foi realizado em parceria com o Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Cerrado (Cerrado). Uma organização que reúne mais de 7 mil famílias de agricultores familiares e agroextrativistas.
O projeto foi aprovado em uma chamada pública da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em 2022 e iniciou as atividades em 2024. A conclusão está prevista para dezembro de 2025. O principal objetivo é transformar esses resíduos dos frutos em novos produtos de valor agregado.
“O intuito do projeto foi desenvolver novas rotas tecnológicas para reduzir o desperdício do pequi e do babaçu, que hoje chega a cerca de 70%, para menos de 5%. Criamos cinco rotas, como a extração de óleos vegetais ricos em antioxidantes e ácido láurico, obtenção de pectina e esferas esfoliantes, produção de carvão ativado para uso cosmético e aproveitamento da biomassa proteica para alimentos plant-based”, explica.
Além da inovação tecnológica, a iniciativa tem impacto socioambiental direto, fortalecendo comunidades extrativistas e promovendo o uso sustentável dos recursos naturais.
“Essas famílias já trabalham com a coleta e beneficiamento do pequi e do babaçu. Agora, elas poderão ampliar a renda e diversificar a produção, aproveitando integralmente os frutos do Cerrado”, destaca Fernanda. Ela também pontua ganhos na educação e acesso das famílias participantes a tecnologias mais emergentes.
Segundo Fernanda, o reconhecimento da Finep reforça o papel do Senai como promotor da inovação sustentável e regionalmente integrada. “É uma conquista que coloca Goiás em evidência nacional, valorizando a biodiversidade do Cerrado e demonstrando como a tecnologia pode caminhar lado a lado com o desenvolvimento social”, afirma.
Apesar disso, Fernanda destaca que o avanço do projeto esbarra em investimento. Uma das alternativas, segundo ela, é buscar subsídio do governo.
“A Finep também tem chamadas de infraestrutura para parques tecnológicos. Então, a gente apoia também esses parceiros nessas modernizações, para que eles avancem, para que isso não fique só na teoria. Esse é o passo que a gente precisa dar para, de fato, colocar todo esse trabalho em prática para que se obtenham os produtos e que a gente consiga vê-los no mercado”, explica.