Estudo da USP aponta que prejuízos podem chegar a R$ 9 bilhões com uma eventual volta da febre aftosa no estado.

Apesar de Goiás ser considerado uma área livre da febre aftosa pela Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), produtores pecuaristas seguem com a questão em evidência. De acordo com a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Goiás não registra um caso de febre aftosa há 30 anos. Em 2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária reconheceu o estado como zona livre sem vacinação e, em 2025, a OMSA também.
Ainda assim, o Fundo para Desenvolvimento da Pecuária em Goiás (Fundepec-GO) resolveu investir sobre o assunto. A entidade encomendou junto à Universidade de São Paulo (USP) um estudo científico sobre as consequências de uma reintrodução da febre aftosa no estado de Goiás. De acordo com a USP, os prejuízos podem ser de R$ 3 bilhões a R$ 9 bilhões.
A relevância do estudo para o Fundepec é tamanha que, nesta quinta-feira (27/11), foi realizado um evento na sede da entidade em Goiânia para entrega do material à várias autoridades. Presidente da entidade, Alfredo Luiz entregou o Estudo de Impacto Econômico da Febre Aftosa ao vice-governador Daniel Vilela, acompanhado do secretário de agricultura Pedro Leonardo e do presidente da Agrodefesa José Ricardo Caixeta, durante o evento.
De acordo com o presidente do Fundepec, Goiás tem o terceiro maior rebanho bovino do país e abate 4 milhões de cabeças por ano. Além disso, a carne bovina está em segundo lugar na pauta de exportação do estado. “A pecuária goiana é importante e tem grande significado para a economia do estado”, disse. Ele afirmou ainda que os pedidos de estudos sobre zoonoses são iniciativas estratégicas para uma melhor eficácia do serviço de defesa sanitária animal do estado.
O Fundepec também contratou o Instituto Euvaldo Lodi para fazer uma pesquisa sobre a incidência da brucelose em Goiás. A pesquisa mostrou que a incidência é de 18,1% nas 836 propriedades rurais contactadas, percentual considerado preocupante pelo fundo.
Ao ser perguntado sobre o que ainda falta ser feito para garantir ainda mais segurança aos pecuaristas do estado, Alfredo Luiz respondeu que deve ser realizado o um trabalho intensivo de vigilância sanitária. Principalmente por parte dos produtores, que devem avisar à Agrodefesa quanto ao menor sinal de sintomas em animais. “Também falta o fortalecimento dos serviços do órgão de defesa sanitária do estado”, completou.

Denise Toledo, gerente de Sanidade Animal da Agrodefesa, afirma que a vigilância por parte do governo estadual é constante. “Apesar do status de zona livre ser uma grande vitória, já que reduz custos e abre mercados para os produtos goianos, isso não quer dizer que o estado baixou a guarda. A manutenção desse status sanitário exige vigilância constante e integrada de toda a cadeia”, disse.
A Agrodefesa mantém em atividade o Programa Estadual de Enfermidades Vesiculares (Febre Aftosa) – PEEV. O programa estabelece ações como controle e fiscalização do trânsito animal, fiscalização do comércio de vacinas contra febre aftosa, vigilância ativa e passiva, e realização de inquéritos soro-epidemiológicos.
Denise relatou que Goiás tem uma baixa incidência de brucelose, mas disse que pode haver subnotificação, assim como nos outros estados. Para lidar com a situação, a Agrodefesa tem o Programa Estadual de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Bovina e Bubalina (PECEBT).
O programa prevê a vacinação obrigatória de bezerras bovinas e bubalinas na faixa etária de 3 a 8 meses. A gerente ressalta que a agência não pune produtores que relatam sintomas das zoonoses. Pelo contrário, a Agrodefesa o ajuda a lidar com a situação.