segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
Economistas avaliam impactos da desaceleração do PIB

Economistas avaliam impactos da desaceleração do PIB

Economistas analisam para o EMPREENDER EM GOIÁS os últimos dados sobre o PIB brasileiro e analisam perspectivas para 2026.

21 de dezembro de 2025

Danilo Orsida: “Um menor índice de atividade econômica significa menor produção e, por consequência, menor nível de contratação.”

A economia brasileira deu sinais mais claros de desaceleração neste final de ano. A prévia do Produto Interno Bruto (PIB), medida pelo Banco Central, registrou queda em outubro. Isto reforçou a leitura de perda de fôlego da atividade econômica.

Apesar disto, o indicador ainda apresenta crescimento na comparação anual. No acumulado de 12 meses o avanço ainda é de 2,5%. O que mostra que a desaceleração ocorre após um período de expansão mais robusta da economia.

Para o economista Pablo Spyer, o resultado reforça a leitura de desaceleração compatível com o atual nível da taxa básica de juros. “A política monetária segue bastante restritiva e já produz efeitos claros sobre a atividade econômica”, afirma ao EMPREENDER EM GOIÁS.

Segundo ele, a perda de fôlego do crescimento está diretamente relacionada ao patamar elevado da Selic. Spyer acrescenta que o resultado ganha ainda mais peso quando analisado em conjunto com as expectativas de inflação.

“Quando esse dado é combinado com a revisão para baixo das expectativas de inflação no Focus, o mercado passa a ter mais confiança em um início de ciclo de cortes já em janeiro”, avalia. De acordo com o economista, essa leitura explica o recuo recente dos juros futuros, apesar do discurso cauteloso do Banco Central.

Desaceleração

Na avaliação do economista Bruno Fleury, os dados do Banco Central confirmam a desaceleração da economia e mostram que os juros altos finalmente estão surtindo efeito. “Reforçam a percepção de uma desaceleração da economia. Isso evidencia que finalmente a taxa de juros elevada está dando resultado”, afirma.

Fleury destaca que o impacto não é homogêneo entre os setores. “Pelos números, percebe-se que a taxa de juros está impactando mais diretamente a indústria e os serviços”, diz. Segundo ele, a agropecuária exportadora tem sido um fator de compensação. “O agro não foi afetado, o que acaba salvando o resultado, porque a queda poderia ser maior”, frisa.

Para o economista, o cenário abre espaço para flexibilização monetária. “A expectativa é que possamos ver uma queda da Selic no primeiro trimestre, considerando a desaceleração da economia e a queda da inflação”, avalia.

Impacto no consumo

Para o economista Danilo Orsida, o recuo do indicador representa um menor nível de produção de bens e serviços, consequência direta de uma política monetária contracionista. “Estamos diante de uma alta taxa de juros e é natural que o empresário fique desestimulado a tomar crédito e ampliar a produção”, afirma.

Ele também ressalta o impacto sobre o consumo: “O consumidor tende a postergar decisões de compra financiadas, porque o crédito fica mais caro com a elevação dos juros.”

Orsida alerta ainda para os riscos de uma sequência de resultados negativos. “Sucessivas quedas e indicadores de desaceleração podem conduzir ao que chamamos tecnicamente de uma recessão”, frisa. Segundo ele, um menor índice de atividade econômica significa menor produção e, por consequência, menor nível de contratação.

Por fim, o economista chamou atenção para a mudança no destino do capital em um ambiente de juros elevados. “Com taxas altas, há uma migração de capital do mercado produtivo para o mercado financeiro, que passa a oferecer uma remuneração elevada com menor risco”, explica.

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