Copom interrompe ciclo de cortes da taxa básica de juros; empresários criticam decisão por conta do impacto no consumo e investimentos.
As entidades empresariais de Goiás criticaram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta-feira (19/6), de manter a taxa básica Selic em 10,50% ao ano. Conforme já era esperado pelo mercado, a decisão foi unânime entre os diretores do BC.
A decisão representa o fim de um ciclo de cortes da taxa básica de juros, que começou a recuar em agosto de 2023. Nesse período, foram sete quedas seguidas. A Selic estava em 13,75% ao ano no começo do ciclo.
Segundo o comunicado, o Comitê, unanimemente, optou por interromper o ciclo de queda de juros, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela.
Para a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) a decisão arrefece as expectativas quanto à realização de investimentos. Também destaca que impacta o consumo, o investimento e o mercado de crédito. Especialmente no valor do dólar, corroborado pelas incertezas fiscais observadas no momento.
Para a Fieg, a Taxa Selic de 10,50% ao ano dificulta a expansão industrial. Pois reduz o consumo das famílias ao encarecer o crédito ao consumidor, diminuindo a demanda por bens industriais. E ainda, favorece o investimento externo com valorização do real, diminuindo a competitividade da produção local e nacional.
“O setor produtivo precisa avançar, melhorar sua competitividade interna e externa, diminuir dependências e aumentar sua participação no PIB, com destaque para a agregação de valores. Para isso, é preciso haver investimentos e consumo. Mas ao custo atual, isso é praticamente impossível, inclusive colocando em risco a Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial anunciada pelo atual governo” frisa a nota.
Para o presidente da Fecomércio-GO, Marcelo Baiocchi, a manutenção da taxa Selic pelo Copom já era esperada, em virtude da situação fiscal do país. “Economicamente, os índices estão bons. Mas, podemos observar a dificuldade que é o desequilíbrio das contas públicas do governo federal. Consequentemente, não abre espaço para a diminuição de taxas, o que é muito negativo porque os investimentos deixam de acontecer onde a taxa de juros é alta, como aqui no Brasil”, frisou.