O grupo goiano deve registrar neste ano receita de mais de R$ 4,6 bilhões e lucro de R$ 150 milhões.
O Grupo Cereal, com sede em Rio Verde, no Sudoeste Goiano, planeja crescimento nos próximos dois anos a uma taxa média de 15%. Neste ano, deve registrar receita de mais de R$ 4,6 bilhões e lucro de R$ 150 milhões.
A trading e industrializadora de soja de Goiás fez uma nova emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), no valor de R$ 450 milhões. É a segunda do ano. Em janeiro, a empresa havia realizado uma emissão de certificados de R$ 300 milhões.
A emissão dos títulos, lastreados em debêntures próprias, está a cargo a securitizadora Virgo. Os recursos começarão a entrar no caixa da empresa no próximo dia 14. Vai apenas para o capital de giro da nova indústria de esmagamento de soja, inaugurada no mês passado. Segundo afirma o diretor financeiro do Grupo Cereal, Elder Simm, ao EMPREENDER EM GOIÁS.
O foco da empresa, para os próximos cinco anos, está na ampliação da capacidade armazenadora do grupo. Deverá passar das atuais 560 mil toneladas para 1 milhão de toneladas de soja e milho. Atualmente, tem 10 unidades armazenadoras e vai adquirir outras duas: uma em Acreúna e outra em Jataí, ambas no Sudoeste Goiano. Os investimentos somam R$ 400 milhões.
Os investimentos de R$ 240 milhões, no ano passado e este ano, focam a modernização e ampliação das unidades de armazenagem e na capacidade de esmagamento. Que aumentou 50% este ano, passando de 1.000 para 3 mil toneladas por dia. A produção de biodiesel cresceu 200 metros cúbicos por dia, passando para 650 metros cúbicos/dia no total.
No ano passado, a empresa originou 1,54 milhão de toneladas de milho e soja. Vendeu 602 mil toneladas de soja em grãos e 221 mil toneladas de milho para os mercados nacional e internacional (Europa). E industrializou o restante, transformando em óleo para abastecer a própria indústria de biodiesel e em farelos.
Para este ano, o Grupo Cereal espera atingir a receita de R$ 4,5 bilhões, com o recebimento de 1,73 milhão de toneladas de grãos, conforme o prospecto da oferta do CRA. Em 2025, a projeção é faturar mais de R$ 5 bilhões. Dependendo dos preços das commodities, que devem ficar estáveis, de acordo com o executivo. Até 2028, se prevê a produção de 2,5 milhões de toneladas de grãos e receita de R$ 7,19 bilhões.
O Grupo Cereal registrou receita operacional líquida de R$ 4,1 bilhões, Ebitda de R$ 222,3 milhões e lucro líquido de R$ 119 milhões, no ano passado. Em 2023 e neste ano, a empresa investiu em nova subestação de energia e em caldeira para a produção de vapor. Para atender a ampliação da indústria de ração – já duplicada – e a nova indústria de esmagamento que vai processar 1 milhão de toneladas de grãos por ano. A capacidade industrial passou para 3 mil toneladas/dia de grãos.
Elder Simm informa que das 1,73 milhão de toneladas neste ano, a metade vai para o esmagamento. Parte vai virar óleo para a produção de biodiesel, vendido no mercado interno, e para farelo de grãos que abastece o mercado nacional (50%) e o europeu (50%). A trading do grupo comercializa as outras 850 mil toneladas in natura.
O Grupo Cereal aposta no crescimento da demanda por biodiesel graças à aprovação da Lei do Combustível do Futuro que deu diretrizes para o uso do combustível verde. Atualmente, a adição de biodiesel no óleo diesel é de 14%. No próximo ano passará para 15% e chegará a 25% até 2035. “Isso demandará mais grãos para esmagamento, fomentando o crescimento da produção de soja, e consequentemente, mais empregos e renda para a população brasileira”, festeja Elder Simm.
Das 160 milhões de toneladas de soja produzidas nessa safra 2023/2024 no Brasil, de acordo com a Conab, apenas 50 milhões são industrializadas internamente. As outras 140 milhões de toneladas são exportadas in natura, tendo a China como principal importador.
Os Certificados do Grupo Cereal serão distribuídos publicamente no mercado primário a investidores profissionais e qualificados. O período de reserva dos títulos vai até 8 de novembro. A emissão dos certificados será feita em três séries. Uma com vencimento em cinco anos, uma em sete anos e a outra, em dez anos.
A distribuição será feita por BB Investimentos (que também atua como coordenador líder), BTG Pactual, Safra, Bradesco BBI, Itaú BBA e Santander. O agente fiduciário e representante dos titulares dos CRA no âmbito da emissão será a Oliveira Trust Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.
As cláusulas (covenants) que a empresa tem de seguir, como forma de garantia para os credores, preveem que a dívida líquida não pode ultrapassar o equivalente a 3,75 vezes o seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês). Além disso, a razão entre o ativo circulante e o passivo circulante deve ser igual ou maior que um.
Em 2023, a dívida bruta do Grupo Cereal era de R$ 1,15 bilhão, sendo 76% da dívida com pagamento em até três anos. O nível de alavancagem, medido pela relação entre dívida líquida e Ebitda, estava em 0,81 vez. Elder Simm disse que o Grupo Cereal está no mercado de capitais graças à sua forte governança corporativa e a transparência nos números que vem apresentando, sempre de bons resultados.