Esculpindo obras voltadas à arte sacra e elementos populares da cultura goiana, artesão tem feito sucesso (e vendendo mais).
Valmir Neves é artesão ceramista há 24 anos e, a partir da argila, tem se especializado na confecção de esculturas que retratam a arte barroca. Com o sucesso das obras, tem recebido convites para participar de várias feiras nacionais. Em 2019, recebeu o convite para expor seus produtos na maior feira artesanal do mundo, na Itália.
Valmir conta que o primeiro contato com a argila veio por intermédio de um amigo. No início, ele fazia itens direcionados ao jardim. Essas obras variavam de 10 centímetros a um metro de altura. “No início, eu não tinha os recursos que tenho hoje. Também não tinha acesso à internet. Foi uma época que eu pesquisava e comprava revistas sobre exposições”, explica.
Ao se profissionalizar, especialmente ao fazer Vitrinismo no Sebrae, ele passou a investir na arte sacra com elementos barrocos. Segmento onde afirma que “se encontrou”. Com a mudança de perfil, Valmir revela que conseguiu desenvolver peças de até 1,70 metro de altura.
Conta que, apesar das dificuldades, desde o início viu o potencial para sobreviver da sua arte – literalmente falando. Ele ainda faz trabalhos onde explora a arte popular, principalmente da cultura goiana.
“Eu larguei tudo o que eu fazia anteriormente. Já trabalhei de porteiro dentre outras coisas, mas deixei tudo para dedicar só à minha arte. Eu vivo mesmo do meu trabalho nesses 24 anos, exclusivamente do meu trabalho com a argila”, destaca.
Valmir montou um ateliê no Loteamento Porto das Pedras, em Aparecida de Goiânia. No local, dá seguimento ao processo de criação e desenvolvimento das peças. Existem fatores que implicam no tempo de finalização de cada peça. As mais trabalhosas, por exemplo, podem demorar cerca de uma semana. Já as menores e com poucos detalhes podem ser feitas até quatro exemplares por dia.
“Faço o preparo da argila e o processo de modelagem, tudo feito à mão. Uso ferramentas para detalhes básicos, como olho, cabelo, nariz, dentre outros. Depois que ela está pronta, segue para o processo de secagem por cerca de cinco dias. Em seguida, é encaminhado ao forno onde a peça fica por mais de 14 horas. Esse forno é bem rústico, é a lenha e chega até 900 graus”, reforça.
Valmir gasta, em média, 100 quilos de argila por mês. O produto é adquirido em uma fábrica de telhas, enquanto o tratamento é feito no próprio ateliê. O artesão explica que buscou um fornecedor que tenha compromisso com a sustentabilidade já que, apesar de ser abundante na natureza, a argila não pode ser extraída de qualquer lugar.
Valmir já vendeu suas obras para diversas cidades brasileiras e faz, anualmente, exposição em cinco feiras nacionais diferentes, sendo em São Paulo, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e no Distrito Federal.
Em 2019, recebeu convite para ir à maior feira de artesanato do mundo: L’Artigiano in Fiera, que acontece todos os anos em Milão, na Itália. O evento abriu muitas portas e ele quer continuar a levar os seus produtos para feiras internacionais.
“Quero focar mais nisso, de fazer realmente exposições internacionais. Eu faço também oficinas para crianças, mas eu quero também ampliar esse projeto. Não é para formar artesão, mas para eles terem mais conhecimento”, reforça.