Usina de etanol de milho em Cristalina (GO) terá R$ 1,8 bi em investimentos, ampliando o plantio de milho e impulsionando biocombustíveis.
O grupo Planalto Bioenergia recebeu na semana passada a Licença de Instalação (LI) para a construção de uma usina de etanol de milho em Cristalina (GO). Com a autorização da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semad), a empresa tem expectativa de iniciar a obra ainda neste ano.
O investimento total chega a R$ 1,8 bilhão, dividido entre duas plantas industriais em Goiás — uma em Cristalina e outra em Formosa.
Segundo o sócio e diretor executivo da Planalto Bioenergia, Paulo Sérgio Rangel Filho, a expectativa é que, dentro de 30 dias, também seja emitida a licença referente à unidade de Formosa. “É um grande marco. Já respondemos todos os questionamentos técnicos e acreditamos que a segunda autorização virá em breve”, afirmou em entrevista ao AgFeed.
Embora as obras podem começar ainda este ano, por se tratar de um projeto greenfield (construção do zero), a conclusão e o início da produção de etanol podem levar até 18 meses.
Paralelamente, a Planalto Bioenergia avança na formalização de acordos com produtores rurais da região. O objetivo é garantir o fornecimento das 500 mil toneladas de milho necessárias para produzir, a cada safra, 200 milhões de litros de etanol.
Mesmo antes da finalização da obra, a empresa pretende iniciar a construção de armazéns para estocar grãos já a partir de 2026. “O armazém é a primeira estrutura que levantamos junto com a caldeira. Dessa forma, conseguimos começar a receber milho da safra 2026 e preparar o estoque para o processamento em 2027”, explicou Rangel.
Além do etanol, cada planta deve gerar 145 mil toneladas de DDG (grão seco de destilaria) e 9 mil toneladas de óleo de milho por safra. Esses subprodutos já despertam interesse de compradores, reforçando a viabilidade econômica do empreendimento.
Com o novo projeto, a tendência é que aumente não apenas o plantio de milho safrinha, mas também o de milho verão, cuja produtividade costuma ser maior em Goiás. Esse cenário se diferencia do observado em Mato Grosso, estado que tradicionalmente concentra o cultivo na segunda safra.
Questionado sobre a demanda futura de etanol, Rangel destacou que os investimentos do setor têm sido impulsionados pela elevação da mistura de etanol na gasolina. Contudo, a estratégia da Planalto Bioenergia não se limita a esse fator.
“Trabalhamos com visão de longo prazo. O mercado está se movendo para o etanol de baixo carbono, essencial para a transição energética. Além disso, há grande potencial na conversão de etanol em SAF (combustível sustentável de aviação) e no uso de biobunker para navios, que deve se consolidar como uma demanda crescente nos próximos anos”, afirmou.