Estado busca atrair investimentos bilionários em data centers com lei de IA pioneira, oferta de biometano e incentivos fiscais do ReData.
Goiás se movimenta para atrair investimentos bilionários em data centers, com o interesse declarado de empresas como Amazon e Google. A sondagem, realizada em encontros realizados na semana passada em São Paulo, reuniu representantes de governos estaduais e executivos do setor de tecnologia.
Nessas conversas, Goiás se colocou como candidato a receber novas estruturas de infraestrutura digital no país.
O governador Ronaldo Caiado sancionou, em maio, a primeira lei estadual de regulamentação da inteligência artificial no Brasil. A legislação prevê estímulos específicos para a instalação de data centers, um setor que demanda elevado investimento em tecnologia e energia limpa.
Outro trunfo do estado é a sua condição de um dos maiores produtores de biometano do país, biocombustível renovável que pode abastecer os futuros empreendimentos.
A oferta desse insumo é considerada estratégica, já que as empresas globais exigem operações com baixo impacto ambiental e certificação verde para consolidar seus projetos.
Embora os data centers gerem maior volume de empregos apenas durante a fase de construção, o uso do biometano abre a perspectiva de criar uma cadeia produtiva de energia renovável, com geração de renda e atividade econômica indireta.
Para o especialista em tecnologia Ronaldo Lemos, do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio), a combinação pode transformar Goiás em referência no fornecimento de infraestrutura sustentável.
O movimento de Goiás ocorre em paralelo à expectativa da Medida Provisória do ReData, prevista para este mês. A proposta deve reduzir de 52% para 18% a carga tributária sobre equipamentos de data centers. Esta medida deve destravar aportes bilionários atualmente direcionados a outros países.
Com o novo ambiente regulatório e a oferta de energia limpa, Goiás pretende disputar espaço com estados que tradicionalmente concentram grandes operações tecnológicas, como São Paulo. A estratégia coloca o estado no radar global em um momento de forte expansão da demanda por infraestrutura digital no Brasil.