Estado pode suprir 98% da demanda do Centro-Oeste, Norte e Sudeste. Saiba também quais são os desafios.
Goiás pode produzir até 2,2 bilhões de metros cúbicos de biogás ao ano. Um volume suficiente para abastecer 98% da demanda de energia elétrica das regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste. Segundo o levantamento Panorama do Biogás do Estado de Goiás, do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB).
Atualmente, a produção goiana é de apenas 41,9 milhões de m³ ao ano, o que representa 1,9% da capacidade instalada. Isso significa que o estado ainda tem um espaço expressivo para expandir sua atuação na cadeia de energias renováveis.
O aproveitamento do biogás em Goiás pode transformar resíduos da agropecuária e urbanos em energia limpa e vantagem competitiva, colocando o estado em posição de liderança no processo de transição energética sustentável.
Além de reduzir custos e emissões, a expansão desse mercado pode atrair investimentos, gerar empregos e consolidar Goiás como polo de inovação em energias renováveis no Brasil.
O estudo avaliou a contribuição de diferentes segmentos econômicos. Como a agricultura: (cana-de-açúcar, milho, soja e mandioca), pecuária (aves, bovinos e suínos), agroindústrias (álcool, açúcar, biodiesel, laticínios, cervejarias, citricultura e abatedouros) e resíduos urbanos (sólidos, esgoto, poda e centrais de abastecimento).
Apesar do grande potencial, apenas 74 plantas estão em operação no estado, segundo o CIBiogás. Desse total, 68 utilizam substratos da agropecuária e são responsáveis por 64,4% da produção. Cinco têm origem industrial (26,4%) e apenas uma planta utiliza resíduos urbanos.
A matriz elétrica de Goiás é hoje composta por 94,9% de fontes renováveis e 5,1% de não renováveis, de acordo com a Aneel. Mais de 70% vêm da energia hidrelétrica, enquanto a biomassa responde por 19% da matriz. Com 38 empreendimentos ativos e capacidade instalada de 1.482 MW, equivalente a 8,5% do total nacional.
O biogás produzido a partir da biomassa já é realidade em Goiás, mas ainda pouco explorado frente ao seu potencial. Segundo o CIBiogás, o estado está entre os cinco maiores produtores do Brasil.
O relatório do IMB destaca que a expansão do biogás em Goiás depende de um ambiente regulatório favorável, parcerias público-privadas e linhas de crédito. O governo de Goiás já tem concedido incentivos fiscais para estimular o setor.
Durante o evento Circuito Biogás nos Estados – Etapa Goiás, realizado nesta terça-feira (30/9) na sede da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), o subsecretário da Receita Estadual, Wayser Luiz Pereira, detalhou as medidas.
Entre os destaques, citou: isenção na aquisição de equipamentos, tanto em operações internas quanto interestaduais; possibilidade de estender os benefícios às importações; redução da base de cálculo para operações com biogás e biometano em 12%, com créditos de até 90%; e redução da carga tributária efetiva de 19% para 1,8% (operações internas) e 1,2% (interestaduais).
A presidente-executiva da ABiogás, Renata Isfer, destacou que o crescimento do setor depende da cooperação entre governo, indústria e academia.
Já o presidente da FIEG, André Luiz Baptista Lins Rocha, reforçou que o biogás é estratégico para o futuro do estado: “O biogás é capaz de gerar energia limpa, empregos, investimentos e sustentabilidade. Goiás está preparado para se tornar referência nacional nessa cadeia produtiva.”