Além das questões sociais e ambientais, a inovação tecnológica e a governança estão entre os principais desafios.
Em meio a um cenário de incertezas econômicas e transformações tecnológicas, especialistas do setor cooperativista apontam que o futuro das cooperativas de crédito passa, inevitavelmente, por três pilares estratégicos: sustentabilidade, governança e inovação. O tema esteve no centro das discussões do 1º Seminário das Cooperativas de Crédito do Estado de Goiás (Coopcred), realizado nesta sexta-feira (10/10), em Goiânia.
O evento, promovido pelo Sistema OCB/GO, reuniu autoridades e lideranças nacionais do setor. Entre os convidados, esteve Ívens Aruã Neves, chefe adjunto do Departamento de Supervisão de Cooperativas e de Instituições Não Bancárias do Banco Central do Brasil. Para ele, a sustentabilidade atingiu um novo patamar dentro das cooperativas.
“A sustentabilidade deixou de ser uma decisão estratégica para ser algo de que precisamos para continuar a existir”, destacou Ívens.
Segundo o especialista, a preocupação ambiental já não pode ser vista como diferencial competitivo, mas como obrigação. “As pessoas escolhem uma cooperativa de crédito ao invés de bancos tradicionais justamente por isso”, completou.
O debate também contou com a presença de César Giodo Bochi, diretor-presidente do Banco Cooperativo Sicredi e da Confederação Sicredi. E de Marco Aurélio Borges de Almada, diretor-presidente do Sicoob. Ambos analisaram os principais desafios que se desenham para os próximos anos. Como mudanças regulatórias, o impacto da inteligência artificial e a necessidade de fortalecer o relacionamento com os cooperados.
“Confiança, qualidade do atendimento e reputação são o que as pessoas consideram ao procurar uma instituição financeira”, afirmou Bochi. Já Almada reforçou a importância de acompanhar as novas tecnologias sem perder o foco humano do setor. “Os sobreviventes são conservadores nas finanças, apoiam novas ideias e valorizam as pessoas”, disse.
Para Luís Alberto Pereira, presidente do Sistema OCB/GO, os desafios podem ser enfrentados com uma retomada às bases do cooperativismo. “Vamos resolver nossos problemas voltando às raízes: através do relacionamento com nossos cooperados, que são a nossa fortaleza.”
Ao final do seminário, os participantes produziram uma carta de intenções com propostas para o Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito (Concred), que acontecerá em Goiânia em 2026. O documento aponta como prioridades: Aprimoramento da governança; Educação financeira como política pública; Inclusão financeira; Segurança jurídica do ato cooperativo; Inserção em inovações como o Open Finance e a Moeda Digital.
Com o Coopcred, Goiás reforça seu papel de protagonista no debate nacional sobre o futuro das cooperativas de crédito, setor que já representa um dos motores do desenvolvimento econômico e social no Estado.