quarta-feira, 20 de agosto de 2025
BC mantém juros altos no Brasil e Fed aumenta nos EUA

BC mantém juros altos no Brasil e Fed aumenta nos EUA

Principal justificativa dos economistas do Copom: o ambiente externo se deteriorou, com a crise bancária nos EUA e Europa.

22 de março de 2023

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (22/3) manter, mais uma vez, a taxa Selic em 13,75% ao ano. Principal justificativa: o ambiente externo se deteriorou. Segundo o Copom, episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento. Em paralelo, dados recentes de atividade e inflação globais se mantêm resilientes e a política monetária nas economias centrais segue avançando em trajetória contracionista.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom. “A inflação ao consumidor, assim como suas diversas medidas de inflação subjacente, segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”, frisou o comitê em nota.

As expectativas de inflação para 2023 e 2024, apuradas pela pesquisa Focus, se elevaram desde a reunião anterior do Copom e encontram-se em torno de 6,0% e 4,1%, respectivamente. Na mesma linha, as projeções de inflação do Copom elevaram-se para 5,8% em 2023 e para 3,6% em 2024. As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,2% em 2023 e 5,3% em 2024.

Incertezas

O Comitê julgou ainda que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente “é maior do que o usual”. Ressaltou que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos, destacou: maior persistência das pressões inflacionárias globais; incerteza sobre o arcabouço fiscal do País; e uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos.

Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75%. O Comitê entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta para 2023 e 2024. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, frisou em nota.

Estados Unidos

O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) deu sequência ao ciclo de aperto monetário e elevou a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira, para um intervalo de 4,75% a 5% ao ano. A decisão foi unânime. “Indicadores recentes apontam crescimento modesto do gasto e da produção. Os ganhos de empregos aumentaram nos últimos meses e estão ocorrendo em um ritmo robusto; a taxa de desemprego manteve-se baixa. A inflação continua elevada”, diz o comunicado que acompanha a decisão.

O Fed chegou à segunda reunião de política monetária do ano com um desafio duplo: seguir subindo os juros para derrubar a inflação nos Estados Unidos ou pausar o aperto monetário. Considerando ainda um cenário ainda de incertezas no setor bancário depois da quebra de dois bancos (Silicon Valley Bank e Signature) e de socorro a um terceiro (First Republic Bank). A decisão de hoje veio em linha com a expectativa da maioria do mercado americano.

Leia também: Empresários goianos esperam queda da Selic

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2 thoughts on “BC mantém juros altos no Brasil e Fed aumenta nos EUA”

  1. Cantei essa pedra nos meus comentários ao longo do mês. A taxa de juros básicas, numa economia globalizada é decidida olhando fatores internos e externos e não porque o Presidente da República, o Vice, o Ministro da Fazenda e mercado quer.
    A instabilidade bancária no mercado mundial, a persistência da inflação, a alta das taxas de juros no mercado americano e na zona do euro e a não divulgação do arcabouço fiscal do Governo Lula, fizeram com que as taxas de juros se mantivessem no patamar atual. Agravando a situação pode vir a subir ainda mais.
    Por isso a independência do Banco Central é importante.

  2. Cantei essa pedra nos meus comentários ao longo do mês. A taxa de juros básicas, numa economia globalizada é decidida olhando fatores internos e externos e não porque o Presidente da República, o Vice, o Ministro da Fazenda e mercado quer.
    A instabilidade bancária no mercado mundial, a persistência da inflação, a alta das taxas de juros no mercado americano e na zona do euro e a não divulgação do arcabouço fiscal do Governo Lula, fizeram com que as taxas de juros se mantivessem no patamar atual. Agravando a situação pode vir a subir ainda mais.
    Por isso a independência do Banco Central é importante.