segunda-feira, 18 de agosto de 2025
Nova exigência pode atrasar abertura de empresas no Brasil

Nova exigência pode atrasar abertura de empresas no Brasil

Nova regra da Receita Federal exige escolha do regime tributário já na abertura do CNPJ. Entenda impactos e desafios para empresários.

18 de agosto de 2025

Francisco Canindé Lopes (Juceg): “A mudança quebra o atual fluxo de abertura, que atualmente ocorre em até 15 horas em Goiás”

A partir desta segunda-feira (18/5), entra em vigor uma nova exigência da Receita Federal que pode impactar diretamente a abertura de novas empresas no Brasil. A medida determina que os empresários escolham o regime tributário já no momento da solicitação do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).

Segundo a Receita, a mudança faz parte do novo Módulo AT da REDESIM, sistema integrado de registro empresarial. A instituição argumenta que a obrigatoriedade trará mais agilidade, além de padronizar cadastros, evitar erros e alinhar informações entre os diferentes órgãos públicos.

No entanto, para o vice-presidente da Junta Comercial de Goiás (Juceg), Francisco Canindé Lopes, a medida pode representar um retrocesso no processo de abertura de empresas. Atualmente, em Goiás, esse fluxo ocorre em até 15 horas, mas com a alteração o caminho pode ficar mais burocrático.

Reféns da Receita

“Com o novo processo, o contribuinte sai da REDESIM, entra no ambiente da Receita Federal para obter o CNPJ e, somente depois, retorna para concluir as etapas municipais e estaduais. Isso pode atrasar a abertura e tornar as Juntas reféns da Receita”, explica.

Francisco Canindé ressalta ainda que, em Goiás, o tempo de registro empresarial para empresas de baixo risco e contrato padrão pode ser feito em minutos. Graças a essa simplificação, o estado saltou do último lugar para os primeiros no ranking nacional de celeridade. Entretanto, ele alerta que a mudança pode atrasar os processos em até 20 anos.

Além disso, existe outro ponto de preocupação: se o contribuinte não concluir o processo da Receita em até 30 dias após sair da Junta, perde a taxa paga e precisa reiniciar todo o procedimento, o que gera custos extras.

Sucena Hummel, presidente do CRC-GO: “A principal preocupação é com a capacidade do sistema da Receita Federal para receber a demanda”

Vantagens e desvantagens

A presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Goiás (CRC-GO), Sucena Hummel, afirma que a principal dúvida recai sobre a capacidade do sistema da Receita Federal em suportar a demanda. Além disso, há preocupação quanto à preparação dos empresários, que terão de escolher imediatamente entre Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Real ou até os novos modelos previstos na Reforma Tributária.

“Hoje, o empreendedor tem até 30 dias para fazer essa escolha. Antecipar pode ser positivo para quem já possui planejamento, mas também pode ser um problema para quem não fez estudo tributário e não conhece as regras”, destaca.

Por outro lado, se a plataforma realmente funcionar de forma automática, como promete a Receita, não haverá perda de tempo. “O sistema deve migrar as informações da Junta para a Receita sem falhas. Nos primeiros dias pode haver adaptação, mas é fundamental que não se crie mais burocracia. O foco deve ser a liberdade econômica e a simplificação, para que o empreendedor não desista da formalização”, reforça.

Sucena acrescenta ainda que o CRC-GO acompanhará de perto a implementação do sistema e, caso perceba prejuízos aos empresários, cobrará ajustes imediatos.

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