terça-feira, 19 de agosto de 2025
Goiás concentra mais de 400 pesquisas sobre terras raras

Goiás concentra mais de 400 pesquisas sobre terras raras

Atualmente, 33 empresas de mineração já atuam no estado com projetos voltados à definição de recursos e reservas de terras raras.

19 de agosto de 2025

Pesquisas sobre terras raras cobrem uma área de aproximadamente 609 mil hectares em território goiano.

Goiás se consolida como um dos principais polos de pesquisa mineral do Brasil, com destaque para as terras raras. Tratam-se de minerais estratégicos para a transição energética e para a cadeia tecnológica global. Atualmente, existem mais de 400 processos de pesquisa mineral envolvendo terras raras em Goiás, segundo dados da Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços (SIC).

Entre os principais focos estão as argilas iônicas, ricas em elementos como neodímio, térbio e disprósio. Fundamentais na produção de turbinas eólicas, motores elétricos, baterias e equipamentos militares, por exemplo.

De acordo com a SIC, 33 empresas de mineração já atuam no estado com projetos voltados à definição de recursos e reservas de terras raras. A maioria delas tem capital aberto internacional, listadas nas bolsas de valores do Canadá, Austrália e Estados Unidos.

Atualmente, essas companhias somam 392 requerimentos de pesquisa mineral junto à Agência Nacional de Mineração (ANM), cobrindo uma área de aproximadamente 609 mil hectares em território goiano.

O secretário Joel Sant’Anna Braga (SIC) destaca que o estado já tem um marco importante: a primeira produção efetiva de concentrado de terras raras fora da China. É realizada pela mineradora Serra Verde, em Minaçu, no Norte de Goiás.

Segundo ele, esse cenário reforça o potencial geológico de Goiás para atrair investimentos em mineração sustentável e projetos ligados à indústria verde. “Com o acirramento das tensões entre China e EUA, Goiás se torna ainda mais estratégico. Temos múltiplos projetos promissores e elevado grau de recuperação de elementos de terras raras pesados (ETRs)”, afirmou.

Potencial geológico

Goiás prepara o lançamento do Plano Estadual de Recursos Minerais (PERM-GO), que deve entrar em consulta pública ainda este mês. O documento pretende estabelecer diretrizes para agregar valor à produção mineral, estimular a pesquisa científica e atrair novos investimentos. Sempre com foco na sustentabilidade ambiental e na verticalização da cadeia produtiva.

Além das terras raras, o estado apresenta alto potencial para depósitos de cobre, níquel, cobalto, nióbio e ouro. Minerais considerados críticos para a transição energética e a produção de tecnologias limpas.

Joel Braga: “O estado tem um portfólio mineral robusto e atrativo”

Impacto do tarifaço dos EUA

O setor, no entanto, também enfrenta desafios. O chamado tarifaço dos Estados Unidos sobre exportações brasileiras tem afetado a competitividade das terras raras no mercado internacional. Segundo Luís Maurício Azevedo, diretor da australiana PVW Resource, houve retração de investidores americanos e redirecionamento de capitais para outros países.

Apesar disso, executivos do setor acreditam que o Brasil, especialmente Goiás, pode se consolidar como alternativa confiável às grandes economias dependentes da China. Para isso, apontam como fundamentais a segurança jurídica, os incentivos a joint ventures e políticas industriais voltadas à verticalização dos minerais estratégicos.

Rob Tyson, CEO da Alvo Minerals, defende que o Brasil precisa ir além da simples exportação de concentrados. Para ele, o caminho é investir na produção local de ímãs, baterias e componentes de alto valor agregado.

Na mesma linha, Leonardo Prudente, diretor executivo da Axía Resources, afirma que Goiás tem potencial para se tornar o maior produtor de minerais críticos do país, dada sua diversidade geológica e infraestrutura em expansão. Segundo ele, os projetos da empresa incluem sondagens para depósitos de terras raras e cobre no estado, reforçando o compromisso com novos investimentos.

Para o secretário Joel Braga, Goiás está diante de uma oportunidade histórica. “O estado tem um portfólio mineral robusto e atrativo, capaz de gerar parcerias estratégicas em um momento em que países industrializados buscam reduzir a dependência da China. É a chance de agregar valor à nossa produção e transformar Goiás em protagonista da mineração sustentável e da transição energética global”, concluiu.

Saiba mais: Terras raras: Goiás ganha posição global estratégica

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