Em decisão unânime, BC reafirmou postura de cautela “diante do ambiente global e pressões inflacionárias”.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano. Em decisão unânime nesta quarta-feira (5/11), reafirmou postura de cautela diante do ambiente global incerto e das pressões inflacionárias persistentes.
Segundo o Copom, o cenário externo segue instável, influenciado pela conjuntura e pela política econômica dos Estados Unidos, o que afeta as condições financeiras globais.
As tensões geopolíticas e as incertezas comerciais — como a imposição de tarifas dos EUA ao Brasil — aumentam o nível de prudência necessário para economias emergentes.
No ambiente doméstico, “os indicadores de atividade apontam para uma moderação no ritmo de crescimento, embora o mercado de trabalho ainda demonstre força”.
O Copom ressalta ainda que as últimas divulgações mostram arrefecimento da inflação, mas os índices continuam acima da meta oficial. O Banco Central avalia que os riscos para a inflação continuam acima do normal, tanto no sentido de alta quanto de baixa.
Entre os principais fatores de pressão inflacionária, o Comitê destaca: possível desancoragem das expectativas de inflação; resiliência dos preços de serviços, impulsionada pelo mercado de trabalho aquecido; e efeitos de políticas econômicas internas e externas sobre o câmbio, podendo levar a uma depreciação persistente do real.
Por outro lado, os riscos de baixa incluem uma desaceleração mais intensa da economia doméstica, redução dos preços das commodities e uma contração global mais acentuada.
Segundo o comunicado, o Copom entende que manter a taxa de juros em nível contracionista por um período prolongado é fundamental para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê ressaltou que seguirá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de ajustes se houver deterioração nas expectativas.
“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. A manutenção da taxa atual é compatível com a convergência da inflação para o redor da meta”, destacou a nota oficial.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender na terça-feira (4/11) a redução da taxa básica de juros, a Selic, atualmente fixada em 15%. Para ele, o patamar atual é insustentável.
“Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar a taxa de juros, elas vão ter que cair. Não tem como sustentar 10% de juros real com inflação de 4,5%”, disse.
O ministro disse que apesar dos juros estarem em patamar elevado, o governo está tranquilo e a expectativa é de que o país tenha um bom desempenho no próximo ano.