A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, por unanimidade, de cortar a Selic (a taxa básica de juros) em 1 ponto porcentual, de 9,25% para 8,25% ao ano, confirma as previsões de que a Selic deve encerrar o ano em 7%. Ou até abaixo de 7%, conforme apostas de vários economistas […]
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, por unanimidade, de cortar a Selic (a taxa básica de juros) em 1 ponto porcentual, de 9,25% para 8,25% ao ano, confirma as previsões de que a Selic deve encerrar o ano em 7%. Ou até abaixo de 7%, conforme apostas de vários economistas diante dos níveis tão baixos da inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto fechou em 0,19%, abaixo do esperado pelo mercado que era alta de 0,3%. Em 12 meses, a inflação está em 2,46%. Com isso, os juros futuros registraram baixa.
A expectativa dos economistas vai na contramão do conteúdo do comunicado divulgado após a decisão. Nele, o Copom indicou que este ritmo vai diminuir nos próximos encontros. Isso porque, na visão do colegiado, o ciclo de cortes está em nível avançado e pode ter chegado a hora de pisar no freio.
Mas, para os economistas, a inflação deve ficar este ano em torno de 3%, o que pressionará o Banco Central a baixar ainda mais os juros. A meta de inflação perseguida pelo BC é de 4,5% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. Há vários argumentos da inflação que sugerem que há espaço para mais reduções (da taxa de juros). Dá a impressão de que a Selic teria condições de terminar este ano mais perto de 6% do que de 7%.
O corte, anunciado nesta quarta-feira, 6, pela instituição, foi o oitavo consecutivo e coloca a Selic no patamar mais baixo desde maio de 2013, ainda no governo Dilma Rousseff, quando estava em 8% ao ano. Mesmo com os juros básicos em 8,25% ao ano, a taxa real do Brasil é de 3,29% ao ano, atrás da Rússia, com juros reais de 4,32% ao ano, e da Turquia (4,02%). Nas 40 economias pesquisadas pelo site MoneyYou e pela Infinity Asset Management , a taxa média está negativa em 0,24% ao ano.
Bancos
Reflexo da decisão do Copom, Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil á anunciaram redução das taxas de juros. O Itaú Unibanco também confirmou novo corte nas taxas de juros de suas linhas de crédito para cliente pessoa física e jurídica, repassando integralmente o corte de 1 ponto porcentual na taxa básica (Selic) anunciado pelo Copom. Trata-se da sexta vez no ano que o banco reduz as suas taxas. O Bradesco vai repassar o corte de 1 ponto porcentual da taxa Selic para as suas principais linhas de crédito de pessoa física e pessoa jurídica.
O Banco do Brasil vai reduzir suas taxas de juros das operações de crédito imobiliário, que terão taxas menores nas modalidades Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e Carteira Hipotecária (CH). Para as linhas do SFH, as novas taxas passam a variar no intervalo entre 9,24% a 10,44% ao ano, ante os 9,74% e 10,69% ao ano cobrados até aqui. Já na Carteira Hipotecária, as taxas eram 10,65% e 11,74% ao ano e agora serão reduzidas para 10,15% na mínima e 11,49% ao ano no maior patamar.
O Santander cortou as taxas de suas principais modalidades de crédito à pessoa física. Segundo o banco, a taxa mínima do crédito pessoal caiu de 1,79% ao mês para 1,69% ao mês. Já a taxa mínima de financiamento de veículos passou para 1,12% ao mês. A projeção do Santander para a Selic é de 7,5% no fim de 2017.
Poupança
Com a redução de 1 ponto porcentual na Taxa Selic, o Comitê de Política Monetária (Copom) aciona o gatilho de rentabilidade da caderneta de poupança, que passa a render menos sempre que a Selic for igual ou inferior a 8,5%. Na prática, a caderneta de poupança, que até então tinha valorização de 0,5% ao mês, mais a Taxa Referencial (TR), passa agora a render 70% da Selic, mais a TR.
Na ponta do lápis, o desempenho do investimento trará resultados inferiores aos verificados atualmente. Até ontem, o investidor que aplicasse R$ 10 mil na caderneta durante 12 meses obtinha um ganho de R$ 617 (6,17%) ao final do período. Agora, com a Selic em 8,25% ao ano, o mesmo investimento rende R$ 579 (5,79%) ao final dos mesmos 12 meses. Ou seja, a aplicação tem uma remuneração R$ 38 menor.
Mas isso não significa que as demais aplicações de renda fixa, como o Tesouro Direto, CDBs e similares tornem-se mais atraentes. Segundo os especialistas, antes de tomar uma decisão, o investidor precisa comparar a rentabilidade no final da operação . A taxa de administração é que vai determinar se o investimento vai ficar ruim ou não.