O período de vacas magras na pecuária goiana passou depois da forte queda na produção e nos preços entre maio e julho deste ano. Até meados de março deste ano o preço da arroba no mercado futuro apontava para R$ 146,25. Mas a Operação Carne Fraca da Polícia Federal, os embargos às exportações da carne, […]
O período de vacas magras na pecuária goiana passou depois da forte queda na produção e nos preços entre maio e julho deste ano. Até meados de março deste ano o preço da arroba no mercado futuro apontava para R$ 146,25. Mas a Operação Carne Fraca da Polícia Federal, os embargos às exportações da carne, as delações da JBS e a grave crise econômica no País com a redução do consumo interno jogaram o mercado num precipício, com o valor da arroba desabando para menos de R$ 120,00. A partir de agosto surgiram os primeiros sinais de recuperação, com o preço da arroba batendo na média de R$ 135,00. A tendência é manter esta reação, embora em ritmo ainda lento, até o final deste ano. Goiás tem o maior rebanho confinado do País e é em terceiro em abate de bovinos, com 10,6% de participação no mercado nacional.
Analistas afirmam que isto se deve a organização dos pecuaristas, o clima que ajudou a manter o rebanho mais de tempo no pasto e a recuperação recente das exportações, além do setor ter superado os impactos negativos causados pela operação da Polícia Federal. “A Carne Fraca e o cartel dos frigoríficos nas mãos de um grupo empresarial que está no centro dos escândalos do País prejudicaram muito o setor neste ano. Houve queda abrupta do nosso mercado, com arroba que antes apontava para R$ 160,00 despencando para a casa de R$ 110,00 em apenas dois meses. Mas os pecuaristas goianos fizeram e fazem sua parte, produzindo com eficiência e qualidade. O que nós mais queremos é produzir”, diz o presidente da Goiás Genética, Wagner Miranda.
O mesmo observou-se com a reposição de bezerros ou animais magros para confinamento. Nas últimas semanas houve valorização. Bezerros tinham o valor de R$ 1.103/animal, estão cotados em R$ 1.149. Mas há um ano valiam acima de R$ 1.200. A Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg) prevê que o número de animais confinados em Goiás deve crescer até 10% neste ano, quando 780 mil cabeças foram terminadas no cocho.
“Aqueles preços baixos ficaram para trás. É uma dinâmica que desenha uma cara bem melhor em termos de oferta para o final do ano”, afirma o analista de mercado Cesar Castro. As exportações de carne bovina voltaram a crescer com força a partir de julho e foram recordes em agosto, o mesmo é esperado para setembro. Só de carne bovina in natura, em agosto, houve aumento de 15,7% em relação ao exportado no mês anterior. “É possível que isso seja em parte pela alta competitividade do boi brasileiro, o mais barato em dólares no mundo. Há uma escassez generalizada de carne bovina no mundo”, diz Castro.
“A pecuária vem enfrentando um período relativamente difícil, em função da crise econômica e de acontecimentos específicos que impactaram o nosso setor, mas tudo leva a crer que o pior já passou. A economia começa a se recuperar, o que deve afetar positivamente o consumo de carne bovina no médio prazo. As exportações estão em ritmo forte, os custos da engorda recuaram significativamente e o preço da arroba do boi gordo registrou significativa recuperação. Os bons ventos voltaram a soprar, o que deve levar o produtor a voltar a investir”, afirma o executivo do Minerva Foods, Fabiano Tito Rosa.
Este novo otimismo no mercado aumenta as expectativas para a realização Conferência Internacional de Pecuaristas (Interconf), promovida pela Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon), nos dias 18 e 19 de setembro no Parque de Exposições de Goiânia, em conjunto com a realização da Goiás Genética, de 16 a 23 de setembro. Trata-se de um dos maiores eventos da pecuária brasileira. “Os participantes do evento terão a oportunidade de ouvir economistas, consultores e operadores de mercado de muita credibilidade para avaliar quais estratégias adotar em seu negócio daqui para a frente”, diz o executivo da Assocon, Bruno de Jesus Andrade.