De 32 cidades brasileiras pesquisadas pela organização Endeavor Brasil, Goiânia ocupa a 21ª posição no ranking das melhores cidades para empreender. É o resultado do Índice das Cidades Empreendedoras 2017 que, no caso da capital goiana, repete o mesmo do ano passado e, para piorar, está abaixo do verificado em 2015, quando Goiânia ocupou o […]
De 32 cidades brasileiras pesquisadas pela organização Endeavor Brasil, Goiânia ocupa a 21ª posição no ranking das melhores cidades para empreender. É o resultado do Índice das Cidades Empreendedoras 2017 que, no caso da capital goiana, repete o mesmo do ano passado e, para piorar, está abaixo do verificado em 2015, quando Goiânia ocupou o 14º lugar. Se por um lado a crise econômica e política no País é vista como um possível influenciador desse desempenho mensurado pela pesquisa, deficiências na infraestrutura e a burocracia são citadas como alguns dos fatores que mantêm o município longe das primeiras colocações.
Sete pilares foram avaliados para se chegar ao índice: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora. Desses, apenas em relação ao último item a capital goiana aparece entre as cinco primeiras colocadas, resultado mantido desde a edição de 2015. Em 2015 Goiânia ficou na 1ª posição no quesito ambiente regulatório e agora caiu para 24ª. Em relação aos demais pilares avaliados nas 32 cidades citadas no índice, a capital goiana ocupa o 20º lugar em infraestrutura, 24º em mercado, 14º em acesso a capital, 23º em inovação e 18º em capital humano. Ou seja: está na lanterninha em quase todos quesitos.
“Goiânia já foi melhor na parte do empreendedorismo”, afirma o economista Marcus Antônio Teodoro Batista ao EMPREENDER EM GOIÁS. Especialista e mestre em Finanças, ele informa ser vários os fatores que justificam o resultado, como uma infraestrutura que deixa a desejar, a exemplo do novo aeroporto, que ainda detém poucos voos diretos, e o transporte público “ruim”. Soma-se aos motivos a burocracia do Estado e município para se abrir empresa o que, segundo ele, embora tenha evoluído, está longe do ideal.
O economista também cita entre os fatores que fazem Goiânia se manter no 21º lugar no índice a própria maneira do empresário local se comportar. “Ás vezes não valoriza muito os serviços de outros profissionais, prefere quem vem de fora”, diz. As vantagens competitivas da capital são muito poucas em relação a outras cidades. “Falta melhor gestão, aí envolve governo, empresários, associações, parte de turismo…É uma série de agentes que têm de entrar para poder levar Goiânia para frente. Se não cada vez mais vai ficar mais descolada das principais cidades”, diz.
Dormitório
Presidente da Associação de Jovens Empreendedores e Empresários (AJE) de Goiânia, Humberto Spenciere fala que a capital tem se tornado cidade dormitório e de prestadores de serviços. Afirma faltar incentivo e estrutura para atividades como produção industrial. “Mas o que mais ‘mata’ é a burocracia”. Segundo ele, hoje, quando se da entrada na abertura de uma empresa em Goiânia se gasta “horas na Juceg e semanas na prefeitura”. “Isso é uma coisa que desanima”, enfatiza.
“O problema nosso aqui é que as pessoas divulgam que é um Estado empreendedor, mas quando se vai verificar as estatísticas não é bem assim”, afirma o presidente da Federação da Micro e Pequena Empresa de Goiás (Fempeg), Hélio Rodrigues de Almeida. Ele informa que em relação a pequenas empresas não existe um incentivo marcante no Estado. “Em termos tributários tem os incentivos da lei geral das pequenas empresas, mas algo específico para micro e pequenas empresas de Goiás, o que temos visto, é muito pouco”, diz.
O estudo da Endeavor revela que o tempo médio para se abrir uma empresa é de 62 dias entre as 32 cidades pesquisadas. Em Goiânia, o prazo verificado foi de 65 dias. Em Cuiabá, que apresentou a maior rapidez, são 20 dias. Spcenciere diz acreditar que o motivo da baixa posição de Goiânia no índice se deve, em parte, aos fatores ambiente regulatório e infraestrutura. “O cenário nacional afeta como um todo, mas tem que se levar em consideração que afetou as outras cidades também”, frisa.
Diretor-superintendente do Sebrae Goiás, Igor Montenegro, afirma que a capital goiana já esteve entre as dez cidades mais bem avaliadas e que apresentava excelente qualidade de vida aos seus moradores, o que fez com o que o atual resultado surpreendesse. Na primeira edição do índice da Endeavor, em 2014, entre 14 capitais avaliadas, Goiânia ficou em oitavo lugar e, ano passado, apesar de estar em 21º no ranking geral, entre as cidades do Centro-Oeste estava atrás apenas de Brasília. Agora em 2017 também ficou abaixo de Cuiabá.
Montegro diz que o cenário nacional nos três últimos anos contribuiu para que Goiânia perdesse posições. Porém, frisa, que a capital goiana tem atributos para melhorar sua posição, “em virtude da pujança econômica da cidade”. Ele cita como exemplo os polos de empreendimentos da moda e acessórios; tecnologia da informação; gastronomia; cultura, saúde e educação, além dos índices de registros de novas empresas na capital, de acordo com ele, devido a posição geográfica. “E, por fim, em virtude de benefícios que a administração municipal tem se emprenhado a executar”, diz.
Professor do Ipog, o administrador Wanderley Villarinho informa que de 2014 até 2017 várias pequenas e médias empresas fecharam. Favoreceu a ‘quebra’, uma projeção de cenário econômico que não se confirmou, a falta de fluxo de caixa suficiente para se sobreviver a uma crise e o negócio não estruturado de forma prática. Com essa situação, diz, cresceu o desemprego. “Em contrapartida, aumentou de forma exponencial o número de empreendedores individuais”, frisa.
A estabilidade mostrada no índice de Goiânia entre 2016 e 2017 “não quer dizer que não houve a busca por empreendimento”. Ele cita que a busca por inovação e por mudanças de processos acabam atraindo novos negócios. “São pontos que Goiás tem procurado trabalhar e que talvez não tenham sido contabilizados”, afirma Villarinho.
Segundo a Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg), de janeiro a outubro deste ano 6.141 empreendimentos foram abertos em Goiânia, contra 5.749 em igual período de 2016. Presidente da Juceg, Rafael Lousa informa que Goiânia e Florianópolis são as únicas capitais brasileiras que ainda não estão integradas a Rede SIM, que faz a conexão entre os órgãos estaduais, federais e municipais, o que agiliza o processo de abertura de uma empresa. “Temos cidade no interior de Goiás que já fazem todo procedimento em cinco, sete dias”, diz.
Em Goiânia, que ainda não está integrada nessa rede, o caminho é mais demorado, mas as conversas entre Estado e o município estão adiantas para adesão da capital a esse serviço. “Falta a integração dos sistemas”, frisa Lousa. Com a mudança, diz que, ao menos no quesito ambiente regulatório, “Goiânia vai dar um salto”. A integração da capital à rede SIM está prevista para ocorrer até o final desse ano.