O jovem empresário e chef de cozinha Lucas Cabral, de 28 anos, era para ser engenheiro civil. Seu pai é dono de uma construtora em Goiás. Mas decidiu deixar a faculdade no terceiro ano para apostar na sua verdadeira vocação: gastronomia. Depois de passar por restaurantes e fast foods, inclusive trabalhando como garçom, e também […]
O jovem empresário e chef de cozinha Lucas Cabral, de 28 anos, era para ser engenheiro civil. Seu pai é dono de uma construtora em Goiás. Mas decidiu deixar a faculdade no terceiro ano para apostar na sua verdadeira vocação: gastronomia. Depois de passar por restaurantes e fast foods, inclusive trabalhando como garçom, e também fazer cursos de gastronomia, há três anos abriu o Studio Burger, no Setor Bueno. Agora tem planos de lançar sua própria franquia de hamburguerias, depois de abrir uma nova unidade do negócio para testar o modelo de rede.
A intenção é iniciar uma filial fora de Goiânia, com a participação de terceiros, que servirá para formatar todos os processos de padronização de uma franquia. Já existe uma proposta em estudo para Anápolis.
O Studio Burger começou num pequeno espaço para 80 pessoas, que era dividido com uma sorveteria, mas hoje tem o dobro da capacidade de atendimento. Comercializa, em média, 6.500 sanduíches por mês (são 280 por dia, aos fins de semana, e 180, no meio da semana), com faturamento médio de R$ 200 mil por mês. “O restaurante nasceu programado para virar franquia. Estamos fazendo os processos internos. Vamos contratar uma empresa para formatar a sanduicheria, com manuais internos e, quem sabe, até o fim do ano, vamos lançar a franquia. Mas o primeiro passo para isso é abrir uma filial”, afirma o jovem empresário ao EMPREENDER EM GOIÁS.
O Studio Burger apresenta sanduíches elaborados com carnes e ingredientes frescos, molhos sofisticados e receitas preparadas pelo próprio Lucas, que é chef de cozinha formado pela PUC Goiás. Para isso, ele usa toda a sua criatividade e pesquisas feitas durante viagens a outros países. “A carne é feita na hora, por um equipamento importado, e leva 18 minutos para a preparação”, destaca. Marketing é uma das áreas em que a empresa aposta alto – 5% do faturamento são destinados a campanhas, ou seja, cerca de R$ 10 mil mensais.
A estratégia é toda focada na divulgação do life style (estilo de vida), na valorização da experiência de frequentar a sanduicheria. Isso inclui atividades em datas comemorativas, como oficina de jogos no Dia das Crianças ou palestra no Dia dos Namorados, além de apresentação de banda todo quinto dia útil do mês. “Falamos de arte, livro, cerveja, receitas, mas não de preço nem de sanduíche. O produto se vende sozinho”, destaca Lucas.
O cardápio do restaurante é reduzido. São cinco tipos de sanduíches no menu fixo e outras cinco opções variáveis, que também chamam a atenção da clientela. Os nomes são tão descontraídos como as receitas são inusitadas. Uma delas, por exemplo, leva açaí com peixe frito. Mas o carro-chefe dos pedidos é o “Cabral da Peste”, título que faz trocadilho com o sobrenome do chef. O sanduíche tem, sobre o hambúrguer, queijo de coalho, maionese com limão china e pimentas, cebola caramelizada, tomate cereja, manjericão e melaço, com cachaça e gengibre.
Essa riqueza de composição, que permeia todos os produtos, deram ao Studio Burguer o título de melhor hambúrguer de Goiânia, no guia Veja Comer & Beber – Goiânia.
Embora os preços dos pratos variem de R$ 21 a R$ 50, o tamanho da carne é a mesma para todos (180 gramas de fraldinha). O que os diferencia são os tipos de ingredientes, afirma o jovem empresário. Para incrementar o negócio durante o momento de “pé no freio” dos consumidores, frente à crise econômica no País, o Studio Burger acrescentou no menu a porção de tapas (aperitivo) e chope.
EMPRESÁRIO VIU OPORTUNIDADE NO HAMBÚRGUER
O gosto por cozinhar e por fazer as pessoas felizes, além do desejo de ter o próprio negócio, levaram Lucas Cabral à concretização do Studio Burger. Ao terminar o Ensino Médio, chegou a cursar Engenharia Civil por três anos, influenciado pelo fato de o pai ser dono de construtora, mas desistiu, para se dedicar ao ramo de alimentos. A primeira experiência foi no Outback Steakhouse, como garçom, em 2010. A escolha pelo local não foi por acaso: “Eu já tinha a visão de aprender como é uma franquia grande. Fui trabalhar no Outback, com a visão lá na frente.” Dali, Lucas passou por outros restaurantes e bistrôs, ao mesmo tempo em que iniciou os estudos em Gastronomia.
Ao concluir a faculdade, em 2014, o desejo de trabalhar com comida oriental o levou à busca de conhecimento na Ásia, por onde viajou por três meses. Ao voltar para o Brasil, percebeu que o negócio não seria viável, uma vez que levaria cerca de dez anos, até chegar no formato ideal. Foi quando percebeu a mudança de conceito pela qual o hambúrguer tem passado, seja pelas novas elaborações de sanduíches ou pela própria valorização do produto pelos clientes.
Com a ideia de abrir sua empresa, Lucas começou a desenvolver receitas, a preparar os sanduíches. Os primeiros testes foram feitos no condomínio Jardins Florença, onde mora. Logo na primeira tentativa, ele conseguiu vender 120 sanduíches, em dois dias. A barraca era montada todas as quintas-feiras, sempre com sucesso de vendas. Era a confirmação de que ele precisava para lançar o Studio Burger.
Com a ajuda do pai, que se tornou sócio do negócio, fez um investimento inicial de R$ 300 mil, e abriu a empresa, num espaço dividido com uma sorveteria. Lucas também tem uma terceira sócia, a jornalista Núbia Lôbo. Com o sucesso inicial, em pouco tempo, veio a expansão, que levou mais R$ 300 mil e dobrou a capacidade de atendimento da sanduicheria de 80 para 160 pessoas.
Esse modelo de negócios leva vantagem pela possibilidade de redução de estoque e de perdas, além de não exigir mão de obra especializada, o que não atrapalha a qualidade do produto, segundo explica Lucas. Hoje, já são 15 empregados no Studio Burger, número que cresce para mais de 20 aos fins de semana, com os temporários.
O jovem reforça, ainda, a característica humanitária que ele imprime à empresa, frente aos contratados. “Aprendi nos restaurantes em que trabalhei que, quanto mais felizes e quanto mais orgulho os funcionários tiverem do lugar em que trabalham, mais resultados trarão para a empresa”, ressalta.