Uma das mais tradicionais e longevas indústrias de confecção do Estado de Goiás, a Contraponto chega aos 35 anos investindo na expansão do mercado de representação de roupas e acessórios de moda exclusivamente masculina por meio de catálogo. Com uma trajetória marcada por altos e baixos, comum à grande maioria dos empreendimentos em cenários que alternam estabilidade […]
Uma das mais tradicionais e longevas indústrias de confecção do Estado de Goiás, a Contraponto chega aos 35 anos investindo na expansão do mercado de representação de roupas e acessórios de moda exclusivamente masculina por meio de catálogo. Com uma trajetória marcada por altos e baixos, comum à grande maioria dos empreendimentos em cenários que alternam estabilidade e instabilidade econômica e política, os três sócios da marca querem recuperar um mercado em que já estiveram presentes nos 27 Estados.
Para tanto, a produção de peças para o público masculino aumentou bastante, mas ainda corresponde a apenas 30% da produção total da indústria, que é de 70 mil peças por ano, entre masculino, modinha feminina e infantil. “Nosso plano central é ganhar o Brasil. Queremos estar no maior número possível de pontos de vendas de lojas multimarcas no País”, revelou ao EMPREENDER EM GOIÁS Carlos Guilherme Marini Tahan, um dos três sócios da marca que nasceu em Goiânia em 1983. A intenção é que a proporção de peças masculinas alcance 50% da produção. Esse será o carro-chefe da empresa a curto e médio prazo, pelos próximos cinco anos.
Carlos Tahan diz que a Contraponto não está mais no varejo e descarta essa possibilidade, dizendo que não é a pretensão dos sócios. “Acredito que é conflitante com o atacado, por isso não queremos mais voltar a atuar no varejo tradicional”, justifica, avaliando que foi acertada a decisão dos sócios de fechar a loja da marca no principal shopping do Estado, o Flamboyant.
“Hoje somos bons naquilo que fazemos”, define. Atualmente, a Contraponto tem uma única loja, a sede própria no Setor Nova Suíça, em Goiânia, onde também funciona a indústria, que conta com estilista, modelista e costureiros, todos da “velha guarda”, como Tahan define os colaboradores que estão na empresa desde a época da fundação e seguramente são um dos segredos do sucesso do negócio, tamanho o envolvimento.
O caso mais emblemático é o de Antônio César Alcântara, que começou a trabalhar na Contraponto em 1996, como auxiliar de almoxarifado. Ele foi galgando degraus e hoje é diretor financeiro da empresa, um dos sócios que compraram a marca há sete anos, mais precisamente, em agosto de 2011. Completa a sociedade Bárbara Caiado.
A indústria, que chegou a ter mais de 900 colaboradores divididos em duas fábricas, hoje tem 20, que são fundamentais para o funcionamento do negócio. “Temos aqui basicamente modelagem, design e produção de peças piloto”, informa Carlos Tahan, explicando que as peças da marca são produzidas fora, no interior de Goiás e até em outros Estados, principalmente das regiões Sul e Nordeste, por meio da modalidade private label (as indústrias produzem com a marca e o padrão de qualidade da Contraponto). “Temos um gargalo na produção, que é a falta de qualificação no mercado”, relata, acrescentando que a maioria dos novos fornecedores é da Região Sul do Brasil.
Gestão
A Contraponto começou no início da década de 80, como uma confecção de roupas. O nome surgiu em 1983, juntamente com o símbolo, que se mantém o mesmo 35 anos depois e é um dos pontos fortes da marca, conforme comprovou um estudo realizado recentemente (o que a longevidade do empreendimento já indicava).”Foi um impacto muito grande e rapidamente a empresa cresceu e passou a vender no atacado para todo o Brasil”, conta Carlos Tahan. No empreendimento familiar – como em vários daquela época – não havia terceirização e toda a produção era concentrada nas duas unidades.
Nos anos 90, com a abertura da economia, surgiram as facções e as terceirizações. “As mudanças no mercado custaram caro. A antiga direção demorou muito para tomar as medidas de gestão necessárias. Era uma gestão à moda antiga, que trouxe perdas e o encolhimento do negócio, começando pelo número de funcionários”, relata. Em agosto de 2011, os novos sócios assumiram a Contraponto.
Carlos Tahan, que é advogado e também dono de duas empresas de publicidade – Brasil Mídia Móvel e MultiMídia Exterior, aponta três patrimônios como fundamentais para a recuperação da marca e para sua concretização como uma empresa sólida: seu capital humano, os colaboradores que estão há décadas na empresa; a força da marca Contraponto e a força dos clientes.
“Fizemos muito dever de casa e aprendemos a fazer uma gestão eficiente, tendo sempre em mente que não poderíamos abrir mão da qualidade das peças, que é nossa marca registrada. Então, nos concentramos nisso: em fazer melhor o que já fazíamos”, resume.