Criada há uma década com foco em alimentos, cosméticos e cursos ligados ao mercado vegano e orgânico (sem itens de origem animal), a goiana Ervaria mira a expansão da marca e deve lançar uma nova linha com chás, geleias, temperos e farinhas, totalizando 20 itens, e mais de cem ervas e frutas desidratadas até o […]
Criada há uma década com foco em alimentos, cosméticos e cursos ligados ao mercado vegano e orgânico (sem itens de origem animal), a goiana Ervaria mira a expansão da marca e deve lançar uma nova linha com chás, geleias, temperos e farinhas, totalizando 20 itens, e mais de cem ervas e frutas desidratadas até o final de setembro. Os produtos aguardam liberação da vigilância sanitária, como explica ao EMPREENDER EM GOIÁS o diretor-comercial da empresa, Frederico Bruder Rassi, engenheiro civil por formação que abandonou os canteiros de obras para se dedicar ao empreendimento.
A empresa deve abrir até dezembro uma segunda unidade em uma galeria em construção no Setor Bueno. A primeira fica no Buena Vista Shopping. Rassi avalia o momento do negócio como de expansão e profissionalização. “É um mercado promissor, com muita perspectiva de crescimento. A empresa nasceu com a ideia de oferecer produtos saudáveis à base de ervas. Em 10 anos, tive que estruturar o plantio, criar uma fábrica de alimentos e de cosméticos, formar uma equipe. Fizemos o que tínhamos para criar, elaborar e desenvolver. Agora, queremos mostrar que o consumidor pode ter produtos de qualidade próximos, que ele sabe de onde vêm”, aponta.
Além da primeira unidade na capital, a Ervaria também chega a outras cidades por meio de lojas que revendem os produtos. Está presente em Brasília, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. “Hoje, o Sul é a região que mais consome produtos orgânicos”, frisa. “Estamos em negociação para entrar no Rio de Janeiro e em São Paulo”, informa. As vendas também são realizadas pelo e-commerce e pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.
Caminhos
De acordo com o diretor comercial, a Ervaria foca em três caminhos para conquistar clientes: alimentação, cosméticos e aromaterapia. Há três anos, por exemplo, passou a entregar para feiras e consumidor direto alimentos orgânicos in-natura. “Começamos por uma demanda do mercado. Adaptamos nossa produção, aumentando, porque o que plantávamos era para atender à indústria de cosméticos e de alimentos processados orgânicos”, detalha.
Os cultivos são feitos em uma área de sete hectares em Nerópolis, na região Metropolitana de Goiânia, que também abriga a indústria da marca. “Temos mais de 160 culturas, algumas em grande escala e outras para consumo próprio. Cuidamos desde a semente até ao produto final”, diz ele, que emprega diretamente 14 pessoas.
A retomada de processos de fabricação de itens do portfólio e do plantio de alguns alimentos dão o tom para o negócio. “Hoje, temos processos para fazer sabonete que Cleópatra já usava, mas que se perderam e estamos tentando resgatar assim como frutas que estavam em extinção, como a uvaia, uma planta do Sul de Minas que trouxemos para Goiás e já temos cerca de 200 pés plantados”, enumera.
A premissa também está presente na linha de cosméticos, na qual são disponibilizados sabonetes, águas perfumadas, shampoos e condicionadores, desodorantes, hidratantes, argilas, além de uma linha masculina para barba e pós-barba desenvolvida com rum. “Essa bebida era usada pelos marinheiros para fazer a barba”, comenta.
Já no nicho da aromaterapia, a Ervaria investe na realização de cursos, palestras e dias de campo em que os participantes são levados à propriedade em Nerópolis para conhecer o trabalho. A intenção, de acordo com Frederico, é realizar um curso por mês ao longo do ano. A ação faz parte de uma estratégia de sensibilização do público para estimular o consumo dos produtos orgânicos e veganos.
Projeto de vida
Formado em Engenharia Civil, Frederico trabalhou dos 18 aos 29 anos em canteiros de obras. Cansado da rotina, decidiu empreender em busca de um novo projeto de vida. “Viajava o Brasil inteiro, não tinha tempo para a família. Isso foi me desgastando e pedi para sair. Empreender foi um projeto de vida”, recorda. Foi então que resolveu transformar o hobby da mãe, Helena Corrêa Bruder, em um negócio.
“Naturalista de berço”, como define Frederico, hoje ela é responsável pela criação e desenvolvimento de produtos. O negócio incluiu ainda o pai de Frederico, que cuida da área financeira da Ervaria. “Na década de 1970, quando ninguém pensava nisso, ela já fazia os próprios sabonetes, já tinha essa consciência”, comenta.
Os produtos eram usados na pousada da Santa Branca, em Terezópolis, da qual foi uma das fundadoras, e depois passaram a ser comercializados em uma lojinha no local. “As pessoas se interessavam, viajavam [para a fazenda] para comprar. Vi que tinha perspectiva de crescimento para o negócio”, explica.
O negócio e a opção de vida de Frederico convergem visando diminuir o impacto no meio-ambiente. “Faço que posso fazer para diminuir o impacto, como pessoa e como empresa”, diz, citando, por exemplo, hábitos como o reaproveitamento de itens recicláveis consumidos no dia a dia.